Vários setores da economia já sentiram o impacto da disparada do dólar e agora aguardam a movimentação do mercado para saber como proceder. Importadores sofrem com a diferença de preço e exportadores aproveitam o momento para aumentar os lucros. Depois de atingir o maior valor desde dezembro de 2008 na última quarta-feira (R$ 2,45), a moeda reagiu à intervenção do Banco Central (BC) e fechou cotada a R$ 2,35 na sexta-feira.
Para Carlos Magno Bittencourt, professor e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), é difícil prever o comportamento da moeda americana, mas a tendência é que se estabilize. O BC anunciou que vai realizar leilões diários de compra de dólar para frear o forte aumento. Bittencourt afirma que os setores que utilizam produtos importados são os mais prejudicados e cita os eletrônicos.
O turismo depende diretamente da cotação do dólar para fechar negociações diárias. Para o presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagens do Paraná (Abav-PR), Roberto Bacovis, as pessoas interessadas em viajar não podem abandonar o objetivo. Ele confirma redução no número de pacotes fechados, porque os clientes aguardam a estabilidade do câmbio. Bacovis destaca ainda que as viagens já negociadas não devem ser canceladas, pois as taxas são muito altas e a diferença no valor final não vai compensar.
Dono de agência de turismo, Leônidas Gobbo Junior conta que a diferença está no turismo de lazer. Alguns viajantes desistem das viagens internacionais e optam por destinos nacionais. Mas com o aumento da demanda, pode haver alta nos preços também.
Outro produto que registra acréscimo no preço é o pão francês. O vilão neste caso é o trigo, que é importado e o preço depende da variação cambial. A Argentina abastecia grande parte da demanda brasileira. Agora não está exportando e a saída é comprar o produto no Canadá, Estados Unidos e Rússia. Vilson Felipe Borgmann, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep), explica que desde que começou a oscilar, o dólar afeta o preço do trigo. A cada virada de mês há reajuste e não deve ser diferente na próxima. A tendência é de novo aumento. “O Brasil exporta 60% do trigo utilizado. Com a quebra da safra, esse número deve chegar a 75%”.
Alta do gás natural não foi repassada
Já o gás natural, que abastece residências, empresas e veículos, ainda não aumentou para os clientes. Justino Pinho, gerente de vendas da área industrial e gás natural veicular da Compagas, afirma que a companhia está monitorando a variação. Se a alta for mantida por muito tempo, será preciso reajustar o valor. “Já teve impacto no preço do gás, mas com algum sacrifício, ainda não foi repassado ao consumidor”, comenta.
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