A soja foi determinante para a aceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em abril, na avaliação do economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobretudo em razão do seu impacto no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA). O preço médio do grão subiu 11,76% no mês, depois do avanço de 7,07% em março. O IPA, por sua vez, saiu de uma taxa positiva de 0,42% para 0,97% em abril, puxado pela alta nos preços agropecuários (1,18%) e industriais (0,89%). Já o IGP-M acelerou a 0,85% em abril, ante 0,43% em março.
De acordo com Braz, se não fosse a pressão de elevação da soja o IGP-M teria ficado com uma variação menor, de 0,65% em abril. Ainda assim a taxa seria maior do que a registrada em igual mês do ano passado, quando subiu 0,45%. “Não fosse o choque de preço da soja, o IPA seria de 0,67%, e não 0,97%, e sua contribuição (para o IGP-M) seria de 0,40 ponto porcentual”, afirmou.
Além do dólar mais caro, o movimento, segundo Braz, refletiu questões estruturais como o crescimento na demanda por soja pela China, expectativas de uma safra menor na América do Sul e aumento da área plantada de milho nos Estados Unidos. “Tem uma questão que é câmbio, mas ainda é cedo para afirmar se o impacto no IPA como um todo vai continuar. É preciso saber se essa cotação é, de fato, um novo patamar para a taxa de câmbio”, minimizou.
O economista ressalta que não foi apenas a soja que deixou o IPA mais salgado em abril. Segundo ele, a alta de preços foi generalizada e sua expectativa é de que a desaceleração esperada para maio também fique espalhada. “A soja, que teve maior influência positiva, não deve subir tanto”, estimou ele, que mencionou também os reflexos dos preços do café (de -9,78% para -6,78%) e do minério de ferro (de -0,57% para 0,79%). “Se o câmbio continuar acelerando, pode ser fator de pressão no minério, mas acredito que não deve ser um impacto tão expressivo”, disse.
O economista ressalta que outros produtos, no entanto, minimizaram a aceleração do IPA assim como do IGP-M em abril. Foram eles: aves (de 5,19% para -0,29%), milho (-1,35% para -3,98%) e laranja (16,42% para 1,61%). “São produtos que serviram como âncora para segurar o IPA e por acaso são itens que tendem a refletir mais depressa no varejo”, comentou.