Uma combinação de elevações expressivas no atacado em itens importantes, como materiais para manufatura (0,65%) e alimentos processados (1,18%), impulsionou o fim da deflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), de baixa de 0,07% para alta de 0,20%, de dezembro para janeiro.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, os dois segmentos passaram por uma verdadeira reviravolta de preços. Em dezembro de 2009, estes setores haviam apresentado quedas de preços de 0,41% e 0,90%, respectivamente.
A recuperação da economia mundial e o reaquecimento no Brasil haviam levado a uma retomada de preços nos insumos industriais. Quadros afirmou que, entre os produtos usados na indústria, há vários exemplos de quedas mais fracas de preços ou até mesmo de fim de deflação.
É o caso de alumínio não ligado em formas brutas (baixa de 4,26% para alta de 12,74%), barras e perfis e vergalhões de alumínio (de queda de 0,02% para aumento de 3,96%), tecidos de fios artificiais e sintéticos (de estabilidade para alta de 5,04%) e ferro gusa (de alta de 1,01% para aumento de 2,70%).
“A recuperação da economia mundial se traduziu em aumentos de preços em algumas commodities no setor industrial”, comentou. No caso de alimentos processados, o grande destaque ficou por conta do açúcar cristal, que caiu 1,40% em dezembro e teve alta de 7,22% em janeiro. “A demanda por açúcar continua forte. A taxa de inflação do açúcar em 12 meses, até janeiro, é de 86,71%”, afirmou Quadros.
Ele lembrou que, no ano passado, a procura por açúcar aumentou fortemente tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional. Isso ocorreu porque houve uma grave quebra de safra de açúcar na Índia, o que deixou o preço do açúcar no exterior vantajoso para os produtores brasileiros.
“O preço do açúcar começou a cair nos últimos dois meses do ano passado, mas agora voltou a subir. Parece que a demanda forte pelo produto ainda não acabou”, concluiu.