Alta da Selic e procura por crédito aumentam juros

O processo de elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, aliado a uma maior demanda por crédito por parte das pessoas físicas levaram ao aumento das taxas cobradas pelos bancos em praticamente todas as modalidades de crédito. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central, a taxa para empréstimos cobrada de pessoas físicas no crédito pessoal aumentou 3,7 ponto percentual de dezembro para janeiro, passando de 70,8% para 74,5% ao ano.

?O crédito à pessoa física cresce bastante no mês de janeiro porque as famílias têm de atender aos compromissos do começo de ano?, explica o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Esse, compromissos são basicamente os gastos com escola e tributos como o IPTU (cobrado sobre imóveis) e IPVA (sobre veículos).

Para ele, essa maior demanda, aliada aos seis aumentos consecutivos da Selic – que hoje está em 18,75% ao ano – explicam o comportamento dos juros em janeiro.

A taxa de juros do crédito consignado (com desconto em folha) subiu em janeiro, o que também não contribui para a queda ou manutenção da taxa média cobrada da pessoa física – o que fica ocorrendo nos meses anteriores. O crédito consignado é uma das linhas avaliadas dentro da modalidade de crédito pessoal.

Essa elevação, de 40% ao ano para 42% ao ano, é explicada também pela maior demanda por crédito. Em janeiro, o volume de crédito cresceu 3,3% nos empréstimos voltados para a pessoa física, chegando a R$ 117,02 bilhões. De acordo com Lopes, essa demanda por parte das pessoas físicas começa a cair a partir de março.

Enquanto isso não acontece, aumenta a procura por linhas de crédito por curto prazo, como o cheque especial, que tem taxas mais elevadas.

Os juros nessa modalidade aumentaram para os clientes 0,6 ponto percentual, atingindo 144,6% ao ano no mês passado. O volume de crédito nessa modalidade foi o que mais subiu, 7,8%, para R$ 10,565 bilhões.

Na média, as taxas cobradas de pessoas físicas aumentaram 1,9 ponto percentual, chegando a 63,4% ao ano em janeiro. No caso das pessoas jurídicas (empresas) a taxa média cobrada pelos bancos aumentou 1,2 ponto percentual de dezembro para janeiro, chegando a 32,2% ao ano.

O ?spread? bancário – diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes – ficou em 28,5 pontos percentuais em janeiro, considerando empresas e pessoas físicas.

Inadimplência

A inadimplência também cresceu em janeiro na comparação com o mês anterior. Passou de 6,9% para 7,3%.

O aumento foi maior entre as pessoas físicas, cuja taxa subiu de 11,9% para 12,4%. Entre as empresas, a taxa de inadimplência aumentou de 3,4% para 3,6%.

Segundo o BC, o aumento da inadimplência entre pessoas físicas é decorrente do maior comprometimento na renda das famílias com gastos escolares e tributos.

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