Cinto apertado

Alta da moeda norte-americana derruba vendas no comércio

Com a alta do dólar interferindo diretamente no preço dos produtos importados e nacionais, já que, em média, 30% dos insumos são cotados na moeda norte-americana, a quantidade de sacolas que o consumidor carrega diminui tanto na saída dos supermercados quanto de shoppings e comércio em geral. O lado positivo disso é que o endividamento das famílias em Curitiba caiu 7% em setembro (passando de 93,5% para 86,8%), segundo a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR).

Mas o dado não alivia a situação, nem para o consumidor acuado com parcelas, porque em 54,5% dos casos as dívidas superam um ano, nem para o setor de comércio e serviços, que diante de cenário de retração deve gerar em torno de 13 mil vagas temporárias, menos da metade dos 30 mil postos abertos em 2012 por conta do Natal.

Segundo o presidente da Fecomércio, Darci Piana, o momento de “apertar os cintos” é percebido em todos os setores. “O consumidor está levando o básico, mesmo nos supermercados, o que significa achatamento de margens, pois o que está sendo vendido é o que representa ganhos bem restritos”, aponta.

Ingenuidade

Mesmo assim, Piana considera positivo o comportamento do consumidor. “Se por um lado estamos entre os mais endividados do País, por outro, a nossa cidade não fica nem entre as 15 capitais no ranking de inadimplentes, ou seja, as dívidas assumidas estão sendo honradas. Só que isso está diretamente relacionado ao fato do salário mínimo ser maior aqui”.

Entretanto, o significativo percentual de dívidas relacionadas aos cartões de crédito (63,7%), carnês (7,9%) e crédito pessoal (1,8%) demonstra a ingenuidade do consumidor no uso de modalidades de endividamento. “São dívidas caras e, muitas vezes, para a aquisição de bens não duráveis”. Entre agosto e setembro subiu para 23,5% o número de pessoas com contas atrasadas na capital paranaense.

Consulta gratuita

Para quem não está conseguindo arcar com as dívidas, o caminho passa pela renegociação. Segundo o gestor da Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) de Curitiba, André Pellizzaro, o primeiro passo é procurar a CDL que realiza gratuitamente a consulta no Serviço de Proteção ao Crédito. “Depois é buscar a renegociação do pagamento”. A CDL planeja fazer em Curitiba o mutirão de renegociação até o final do ano.

Em outubro, o Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da Faculdade Estácio Curitiba realizará a 1.ª Semana do Superendividamento. O objetivo é mediar a negociação entre credores e devedores e assessorar na reorganização financeira de pessoas com até R$ 15 mil de dívidas e mais de 50% da renda mensal familiar comprometida. “O grande problema que observamos é que muitas pessoas vão empurrando com a barriga até chegar à via judicial. É necessário mudar essa mentalidade”, defende a coordenadora do NPJ, Cristiane L. Castro. As inscrições estão abertas até amanhã pelo 3088-0474.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna