Os preços dos alimentos, no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe da segunda prévia de dezembro, sofreram a sua maior alta desde a terceira semana de janeiro de 2003. Não é de agora que os alimentos têm assumido o papel de vilão do custo de vida do consumidor, mas as taxas mais recentes se mostram cada vez mais surpreendentes. Na segunda coleta de preços deste mês, feita pela Fipe, o grupo Alimentação registrou uma variação média de seus preços de 2,37%, ficando abaixo apenas da alta de 2,65% apurada na terceira quadrissemana de janeiro de 2003.
Por causa, principalmente, do comportamento dos alimentos, o IPC-Fipe na cidade de São Paulo fechou a segunda semana desse mês com alta de 0,84%. Esta alta é a maior desde a terceira semana de janeiro deste ano, que foi de 0,85%.
O que torna a situação menos agravante no que se diz respeito à inflação é que embora os preços estejam subindo a uma velocidade acima do previsto, as maiores pressões estão concentradas sobre produtos cujo ciclo de produção é curto e porque eles são movidos também por motivos sazonais.
O vilão da inflação medida pela Fipe foi mais uma vez o feijão, que subiu 30,45%, variação que eleva a alta no ano para algo próximo de 150%. Esse produto teve seu preço apreciado porque, em razão da seca em algumas das principais regiões produtoras, o agricultor adiou o plantio. Espera-se que agora, época das águas as chuvas não se intensifiquem a ponto de prejudicar o que já foi plantado.
Outro produto que tem contribuído em muito para o aumento da média dos preços são as carnes. As de origem bovinas subiram 9 16% só na segunda quadrissemana deste mês e as suínas foram majoradas em 5,52%. Também por motivos climáticos, os preços das verduras foram reajustados para cima em 15,89% nos últimos 30 dias, segundo a pesquisa de preços da Fipe. Dentro do segmento da indústria da alimentação, o óleo de soja, com elevação de preço da ordem de 6,32%, foi o campeão das altas.
Os demais grupos têm registrado variações mais condizentes com a sazonalidade do período. É o caso, por exemplo do Vestuário, que tem sido pressionado pelas compras de final de ano e porque, como o verão está às portas, começa no próximo dia 22, os preços das roupas da estação estão sendo mais demandadas e, como conseqüência, tendo seus preços elevados. O Vestuário elevou a sua alta de 0,45% na pesquisa anterior para 0,51% na terceira quadrissemana. O mesmo acontece com o grupo Despesas Pessoais, que por causa das férias começam a pressionar mais. Subiu de 0 08% para 0,53%.