A alimentação, em especial os artigos in natura, tem dado uma contribuição atípica para esta época do ano à inflação. Ao contrário do que sugere a sazonalidade de itens como o tomate, que seria um viés de alta, os preços do produto estão em queda – tanto no atacado quanto no varejo.
Trata-se de uma boa notícia e de uma ajuda um tanto “inesperada”, na avaliação do superintendente adjunto de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, essa contribuição ajuda a descomprimir a taxa mensal do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), tendo em vista pressões oriundas de outras fontes, como os alimentos processados.
Em janeiro, o tomate no atacado caiu 18,80% ante o mês anterior, enquanto a batata inglesa teve deflação de 18,78%. “É mais raro você ver isso em janeiro. Isso já vai dar uma suavizada na inflação ao consumidor em relação a 2013”, disse Quadros, acrescentando que o tomate não será o vilão da vez como ocorreu no início do ano passado, em que o item (e os alimentos in natura em geral) impulsionou a inflação de alimentos.
Nos preços ao consumidor, o tomate caiu 4,74% ante dezembro(contra 16,98%), enquanto a batata inglesa desacelerou para 0,60%, de 5,95%. “É um alívio em pleno janeiro”, surpreendeu-se Quadros. De acordo com o superintendente, as hortaliças e legumes fecharam em alta de 3,44%, um arrefecimento ante os 5,51% do IGP-10 de dezembro.
Apesar disso, há alimentos que não estão transmitindo a desaceleração nos preços. O trigo está em queda há algumas semanas, e fechou com redução de 3,50% em janeiro. Apesar disso, seus derivados ainda não seguiram a mesma tendência. A farinha de trigo, por exemplo, foi no sentido contrário e acelerou, de 0,89% para 1,10%. Os panificados e biscoitos, que incluem o pão francês, saíram de 0,94% para 1,03%. O único alívio ficou no grupo massas e farinhas, mas por influência da redução na inflação da mandioca e da farinha de mandioca.