O setor de alimentos, bebidas e álcool etílico puxou o emprego na indústria paranaense no mês de abril. Dos 11.188 postos de trabalho que abriram no mês, 7.297 – ou seja, 65% – foram criados nessa área. Também as indústrias da madeira e têxtil apresentaram bom desempenho. Em abril, o emprego na indústria de transformação apresentou variação positiva de 2,51%. No acumulado do ano (janeiro a abril), o aumento é de 5,91%, enquanto nos 12 meses, 6,26%. Os números foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).
De acordo com Sandro Silva, economista do Dieese-PR, a indústria de alimentos tem mostrado bom desempenho especialmente por conta de itens como o açúcar, carne, aves e óleos vegetais. “Pela política cambial de 99, algumas empresas passaram a produzir mais e a exportar”, afirma Sandro. Mesmo caso das indústrias da madeira e têxtil, que empregaram em abril 1.307 pessoas e 717, respectivamente. A indústria de material de transporte – especialmente por conta das montadoras – vem em seguida, com 493 postos de trabalho. Juntas, as quatro indústrias – alimentos, madeira, têxtil e material de transporte – responderam por 87,7% dos empregos gerados no mês.
“Essa é a tendência dos últimos anos. O motivo é tanto a exportação como a desvalorização cambial. No caso da indústria têxtil, por exemplo, que se concentra especialmente no Norte do Paraná, ficou mais barato produzir aqui do que importar”, aponta. Do total de empregos gerados na indústria de transformação, 63,3% estão concentrados no interior e apenas 36,7% na Região Metropolitana de Curitiba.
Acumulado
No acumulado do ano (janeiro a abril), houve a abertura de 25.434 novos postos de trabalho – 83,9% deles no interior e 16,1% na RMC. Os setores que mais empregaram foram, mais uma vez, os de alimentos e bebidas (10.857 vagas), madeira e mobiliário (4.243) e têxtil (2.274), além de metalúrgica (1.622), material de transporte (1.516) e química (1.208).
Em relação ao mesmo período do ano passado – janeiro a abril de 2003 – o número de contratações na indústria de transformação paranaense cresceu 61,53%, passando de 15.746 vagas para 25.434. Um desempenho bom, mas abaixo do crescimento nacional, que foi de 110% – passou de 89.842 vagas no ano passado para 189.288 este ano. Segundo Sandro Silva, o Paraná já vinha apresentando um bom crescimento, enquanto o País só estaria retomando o crescimento econômico este ano.
No acumulado do ano, o Paraná apresentou a sexta maior variação (5,91%) entre os 27 estados brasileiros. Já no saldo de empregos (25.434), o Paraná ocupa a terceira posição, atrás de São Paulo (85.129) e Rio Grande do Sul (38.988). O estoque de pessoas na indústria paranaense soma 430 mil.
Agroindústria
A agroindústria foi, mais uma vez, o setor que mais gerou empregos. Em abril, 8.398 vagas – 75,1% do total – foram geradas na agroindústria. No ano, a participação é de 61,6%, com 15.679 vagas. Os segmentos que mais empregaram no ano foram produção de álcool (4.065), fabricação e refino de açúcar (3.133), fabricação de produtos de madeira, cortiça (2.846) e abate e preparação de produtos de carne e de pescado (2.823). Os quatro setores respondem, juntos, por 82% dos empregos gerados na agroindústria.
Produção acumula alta de 8,09%
A produção industrial do Paraná caiu 4,84% em abril em relação a março. Apesar da queda no mês, o acumulado do ano (janeiro a abril) registra alta de 8,09%. Nos 12 meses, o aumento é de 6,73%. Segundo Sandro Silva, um dos motivos da queda de produção em abril é o fato de um subsetor – edição, impressão e reprodução de gravações – ter registrado grande aumento em março (168%) e redução em abril (-26,93%).
No ano, os subsetores que apresentam variação positiva foram edição, impressão e reprodução de gravações (26,92%), veículos automotores (25,24%), madeira (24,29%), produtos de metal (9,41%). Por outro lado, tiveram queda a indústria de outros produtos químicos (-10,67%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,98%), refino de petróleo e álcool (-4,61%) – por conta da parada técnica da Refinaria da Petrobras, em Araucária -, e minerais não-metálicos (-3,33%).
Exportações
Com relação às exportações, também houve queda no mês de abril sobre março de 17,35%. Um dos motivos é o fato de, em março, as exportações via Porto de Paranaguá terem sido bastante elevadas.
No ano, as exportações apresentam alta de 23,88%; nos 12 meses, aumento de 21,79% e, em comparação a abril de 2003, alta de 22,51%. Já o consumo de energia elétrica aumentou 3,28% em abril e 3,27% em relação ao mesmo mês do ano passado. No ano, houve queda de 1,15% no consumo. Segundo Sandro Silva, muitas indústrias estão com usina própria ou mantêm relações com outras empresas que fornecem energia.