A inflação deste ano no varejo foi fortemente pressionada pela disparada nos preços dos alimentos. O grupo Alimentação apresentou inflação de 6,63% no primeiro semestre deste ano – a elevação mais intensa dos últimos quatro anos, nesse período, e bem acima da queda de 2,15% apresentada em igual período no ano passado. Os dados são da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em levantamento exclusivo feito a pedido da Agência Estado.

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A pesquisa comprova preocupação do mercado financeiro com a movimentação dos preços dos alimentos na inflação ao consumidor este ano. A elevação acumulada nos primeiros seis meses deste ano, nos preços dos alimentos, também é mais do que o dobro da variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no período (2 80%).

O economista da FGV, André Braz, observou que o cenário dos preços dos alimentos este ano está sendo bem diferente do que foi registrado em 2006. "No ano passado, a alimentação ajudou muito a inflação ficar em baixa, apresentando queda. Todos os indicadores, tanto os da FGV quanto os do IBGE, mostravam isso. Mas agora é justamente o contrário", afirmou.

Menor oferta

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Esse ano, o setor de alimentação passou por acontecimentos, como fortes entressafras, problemas climáticos, e quebras de produção em mercados internacionais, que conduziram a uma menor oferta de itens em diferentes tipos de alimentos. Braz observou ainda que o efeito, este ano, atingiu principalmente os itens da cesta básica, mais importantes para o consumidor e também de maior peso no cálculo do IPC. Entre os exemplos citados pelo economista, estão as fortes altas mensais nos preços de arroz, feijão, carnes, batata e macarrão.

Alta persiste

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Recentes divulgações dos indicadores inflacionários calculados pela FGV, como o IGP-10 de agosto e a segunda prévia do IGP-M de agosto, mostram que a alta dos alimentos ainda persiste, e não dá mostras de que vai desacelerar. Durante a divulgação da segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) deste mês, o coordenador de Análises Econômicas da fundação, Salomão Quadros, comentou que os aumentos de preços que estão pressionando os IGPs calculados pela fundação, entre eles a alta dos alimentos, não devem enfraquecer no curto prazo.

Ainda de acordo com a análise, o cenário de alta nos preços também deixou mais caro fazer refeições fora de casa. Os preços do segmento "alimentação fora", pesquisado pela FGV no varejo, subiram 3,45% no primeiro semestre deste ano, acima da alta de 2 87% apurada em igual período no ano passado, nesse item. No mesmo período, houve ainda elevações de preços de 3,30% nos preços dos alimentos em restaurantes; e inflação de 3,89% na comida vendida em bares e lanchonetes – acima dos respectivos aumentos de 2,34% e de 4,32%, apurados nos mesmos segmentos, em igual período no ano passado.