Fazer o dinheiro sobrar a ponto de poupar um pouco todo mês é um dos pilares da educação financeira. Só que uma conta que somente as seguradoras de vida costumam fazer é o quanto cada pessoa poupa de saúde. A diferença de taxas de seguros ultrapassa facilmente 100%, na comparação entre duas pessoas de mesmo sexo e idade, sendo uma com hábitos saudáveis e outra fumante e obesa. Aliás, dependendo do nível de obesidade e a quantidade diária de cigarros consumidos, muitas empresas não comercializam planos individuais para esse tipo de cliente.

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O diretor de negócios da Previsul Seguradora, Renato Pedroso, esclarece que isso ocorre porque a o cálculo dos preços considera a “taxa de sinistralidade”, ou seja, a probabilidade de uma situação fatal. “A base do negócio é diluir o risco, tanto que 63% das seguradoras trabalham com foco em planos de grupo, onde um perfil com maior risco compensa outro de menor risco. Mas nos planos individuais, os hábitos de quem contrata o plano vão interferir diretamente”, explica. “É o mesmo raciocínio do preço de seguro de automóvel. Em que cidade o seguro é mais caro: Maringá ou São Paulo? Onde existem mais chances de roubarem o mesmo veículo?”, compara.

Dobradinha

Estar no grupo dos “poupadores de saúde” exige a mesma dobradinha recomendada pelos economistas: disciplina e organização. A nutricionista funcional Juliana Trevilini, que desenvolve um atendimento individual ou para a família, explica que reservar cerca de três horas para fazer as compras dos alimentos que serão consumidos na semana e higienizá-los garante economia de saúde e de dinheiro. “Organizar a alimentação com frutas e verduras próprios da estação e preferencialmente orgânicos é algo que exige apenas planejamento. A pessoa não vai gastar mais procurando os produtos da época em fornecedores mais em conta, como nas feirinhas de orgânicos ou nos sacolões”, afirma.

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Tanto que uma das ferramentas disponibilizadas pela nutricionista aos clientes é o calendário de comercialização das hortaliças das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR), que pode ser acessado pela internet, no www.ceasa.pr.gov.br.

A parte da higienização, com hipoclorito de sódio, auxilia ao pré-preparo das saladas. “O tempo usado na limpeza e separação em porções acaba auxiliando a pessoas ao longo da semana, uma vez que em alguns minutos consegue preparar a salada de cada refeição”, explica. Além disso, isso contribui para que se desperdice menos alimentos, que estragam sem consumidos.

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Quanto à preferência pelos orgânicos, Juliana aponta que o efeito cumulativo dos agrotóxicos acabam contribuindo para o desenvolvimento de uma série de doenças. “Se a pessoas não conseguem comprar todas as frutas e verduras orgânicas por conta de preço ou de indisponibilidade, a dica é se orientar pelo que acumula mais agrotóxicos e evitar o produto convencional. Tomate, pimentão, mamão, batata inglesa e morango são os que mais concentram químicos na agricultura tradicional”, orienta.

Prato primitivo e colorido

Ciciro Back
Nutricionista Juliana Trevilini: redução no risco de doenças crônicas.

A genética tem um peso de 25% sobre as doenças que cada pessoa pode vir a desenvolver. O restante é fruto de uma vida em equilíbrio. Alimentação saudável, prática de exercícios físicos, nível de estresse e histórico familiar são os fatores que determinarão as chances de desenvolver determinadas doenças.

Segundo a nutricionista Juliana Trevilini, dá para reduzir o risco de, desenvolver doenças crônicas por conta desse desequilíbrio em qualquer idade. “É o que chamamos de modulação epigenética e que, no caso de futuros pais, pode ser trabalhada antes do casal engravidar, aumentando ainda mais a poupança de saúde dos filhos”, acrescenta.

Diversificar os alimentos e focar em refeições coloridas e mais próximas do estado primitivo (evitar industrializados) é o caminho para isso.

Uma questão de escolha

Ciciro Back
Pajé: “Organismo em equilíbrio”.

O gasto com bons hábitos pode ser exatamente o mesmo, seja para um caminho saudável ou não. “Já vi casos de pessoas que têm um pé de laranja em casa e acaba preferindo gastar com refrigerante no supermercado, apenas pela praticidade”, conta Juliana Trevilini.

Aumentar essa percepção e trocar a pizza da semana, que ao longo do mês equivale a mensalidade uma academia, garante que o mesmo orçamento dê conta da mudança de estilo de vida. “O problema é que muitas pessoas acham que gastam mais porque continuam consumindo o que é prejudicial, juntamente com o recomendável”, avalia o consultor em saúde e colunista da Tribuna, André Pajé. “O resultado é aumento de gasto e poucos resultados”.

Pajé também reforça que a economia em remédios deve ser levada em conta. “Uma pessoa com o organismo em equilíbrio tem boa imunidade, ou seja, não fica nem gripada, quem dirá ter outras infecções que são tratadas como normais”, explica. E mesmo suplementos proteicos ou multivitamínicos, na relação custo benefício, acabam se pagando.

Um multivitamínico com para cem dias, custa em torno de R$ 69,90. “Entender que o mundo não é mais o mesmo, mas fisiologia do homem não mudou muito, por isso há uma necessidade de suplementação, também faz parte dessa construção um corpo mais saudável”, sintetiza.