Depois de cinco quedas consecutivas mensais, o grupo Alimentação fechou outubro com alta de 0,89% no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A última vez que apresentou elevação foi em abril, de 1,12%. Contudo, as taxas acumuladas neste ano e em 12 meses estão negativas em 1,65% e em 2,29%, respectivamente.

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“A despeito do aumento no mês, o resultado ainda não compensou as quedas passadas. O grupo de alimentos deve continuar com alta, o que é normal para o período mas sem gerar preocupação”, avalia o gerente técnico de pesquisa do IPC, Moacir Mokem Yabiku.

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“As taxas acumuladas ainda estão abaixo do IPC. Isso é uma notícia positiva em meio ao desemprego elevado e à retomada lenta da atividade”, acrescenta.

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De acordo com Yabiku, o cenário ainda favorável para os preços alimentícios deve permitir ao IPC fechar este ano em 2,33%. Se essa variação for confirmada, será o menor nível desde 1998, quando o IPC terminou com queda de 1,79%. “A boa safra e o clima que não atrapalhou ajudaram a manter os preços em baixa. A expectativa é que fiquem um pouco mais pressionados nos próximos meses”, estima.

Nas próximas leituras do IPC, o analista estima que o grupo Alimentação diminua o ritmo de alta até fechar novembro em 0,28% na comparação com 0,89% em outubro. Segundo ele, alguns produtos alimentícios devem reduzir consideravelmente a elevação vista recentemente. Dentre esses itens, citou a batata, que ficou 41,53% mais cara no IPC do mês passado na comparação com recuo de 10,99% em setembro. Conforme ele, as coletas do instituto já mostram queda no preço do produto. “Além do mais, a taxa acumulada em 12 meses está negativa em 8,80%”, diz.

Além do declínio do grupo Alimentação em 12 meses até outubro, Yabiku acrescenta que os segmentos que compõem essa classe de despesa também estão com resultados favoráveis. A categoria de alimentos industrializados, que teve alta de 0,15% em outubro, acumula ligeira alta de 0,07% em 12 meses e queda de 0,75% no ano. O subgrupo de semielaborados fechou o mês com variação negativa de 0,17%, cedeu 9,40% em 12 meses e teve declínio de 6,42% de janeiro a outubro. Já os alimentos in natura, que subiram 4,79% no décimo mês do ano, têm quedas de 2,25% (12 meses) e de 0,85% (ano).

O IPC-Fipe, por sua vez, acumula inflação de 2,30% em 12 meses e de 1,42% no ano. Em outubro, o índice registrou alta de 0,32%, superando o teto das expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,30%. A menor estimativa era de 0,22% e a mediana, de 0,30%. Porém, o resultado veio como o esperado pela Fipe.

Serviços

O grupo Serviços na capital paulista desacelerou o ritmo de alta de 0,32% para 0,11% em outubro, conforme a Fipe. A taxa ficou igual à apurada pelo IPC, que mede a taxa de inflação na cidade. Em 12 meses, contudo, o Índice Geral de Serviços (IGS) acumula 5,01%, enquanto a alta acumulada do IPC é de 2,30%.

Uma das principais explicações para essa diferença, conforme a Fipe, é o grupo Alimentação que no IPC tem queda de 2,29% em 12 meses e retração de 1,65% neste ano. Já o IGS leva em consideração somente os gastos com alimentos fora do domicílio que acumulam alta de 4,19% em 12 meses e de 3,29% de janeiro a outubro.

Yabiku lembra que a safra recorde de grãos este ano e as boas condições climáticas permitiram preços baixos em vários itens alimentícios, o que explica o movimento favorável dos alimentos. Contudo, as taxas maiores nos preços de serviços em relação ao IPC reforçam a resistência do grupo em desacelerar mais rapidamente.