Rio de Janeiro – A alta de 0,45% no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em março ficou acima do esperado e foi pressionada principalmente pelos grupos alimentação e transportes ? este, influenciado pela alta dos combustíveis.
A análise é do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, ao informar que apesar da surpresa, a coleta já indicava tendência de alta no índice, anunciada pelo grupo alimentação.
?Os alimentos in natura voltaram a chamar a atenção, num movimento atípico nesta época do ano?, disse. Mas não foram somente esses alimentos que pressionaram a inflação: o economista apontou aceleração, por causa do aumento no preço do trigo, em todos os itens derivados do cereal, como macarrão, biscoito, pão e a própria farinha.
Da mesma forma, os derivados da soja, como o óleo, mantiveram a tendência de alta. ?O óleo de soja vem subindo a taxas que oscilam entre 8% e 9% há três meses consecutivos, acumulando reajustes de mais de 25%. Então, ele também influenciou esse movimento de aceleração do grupo de alimentação?, comentou André Braz, ao lembrar que houve alta mais generalizada no grupo alimentação, uma vez que alguns produtos são pressionados pelos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais negociados no mercado internacional) ? caso da soja e do trigo.
Já os alimentos in natura teriam os preços elevados por uma questão de oferta, associada à variação climática.
Segundo o economista, a proximidade do período de safra de alguns produtos agrícolas deve contribuir para que as tensões no mercado externo cedam um pouco, provocando um efeito menor sobre a inflação do que o observado no primestre trimestre: ?Apesar de alimentação já ter contribuído com 45% da taxa de inflação que a gente acumula em 2008, de 1,43%, a expectativa é de que pressione um pouco menos daqui para a frente, com a chegada da safra?.
André Braz disse estimar que o grupo habitação, ?pelo conjunto de reajustes já agendados em energia elétrica, em tarifas de água?, venha a ocupar uma posição de destaque no IPC-S, deixando alimentação em segundo plano.
O aumento expressivo do índice (0,88%) registrado na capital gaúcha, explicou, foi influenciado especialmente pelos combustíveis ? a gasolina, cuja variação foi de 5,24% somente em março, tem peso de 4,5% na cesta de consumo das famílias, perdendo apenas para aluguel residencial. No item alimentação, também em Porto Alegre houve alta de produtos como frutas (4%), citou Braz.
O IPC-S é pesquisado com base em 456 itens incluídos nas pesquisas de preços da FGV para famílias que ganham de um a 33 salários mínimos. "Ele indica ao mercado a direção da inflação atual e serve para acompanhar as expectativas da inflação oficial no país?, informou o economista.
