Alimentação e habitação elevam inflação de baixa renda

A aceleração de preços de Alimentação e Habitação foram os principais responsáveis pela alta de 0,55% no Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) em março, que mede a inflação das famílias de baixa renda, que recebem entre 1 e 2,5 salários mínimos por mês.

O aumento na ocupação e no poder aquisitivo das famílias de baixa renda tem impulsionado a demanda por serviços e, consequentemente, o aumento na inflação. Os preços de restaurantes aceleraram de 0,40% em fevereiro para 0,79% em março. Já as despesas com bares saíram de um aumento de 0,18% em fevereiro para 0,81% em março.

“Essa taxa de desemprego baixa e a política de recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo, que traz ganhos reais para grupos que ganham pouco, aumenta o fôlego para gastar com produtos e serviços que antes não faziam parte do orçamento, entre eles comer fora de casa”, explicou André Braz, economista da FGV. “Com o aumento da demanda por esses serviços, bares e restaurantes, isso acaba em aumento de preços.”

O gasto com alimentos é o que mais pesa no bolso das famílias de baixa renda. O grupo Alimentação tem um peso de 30% na formação do IPC-C1. Além da alimentação fora de casa, também tiveram destaque os aumentos em frutas, laticínios, pescados e ovos. As frutas passaram de uma alta de 3,24% em fevereiro para 4,65% em março. Os laticínios reverteram uma queda de 0,32% em fevereiro para uma alta de 0,50% em março, em razão da chegada do outono, que prejudica o pasto.

“A partir de agora, com a chegada do outono, as condições de pastagem pioram, o volume de chuva diminui e já começa a haver aumento no preço do leite. Então o leite deve continuar em destaque nas próximas divulgações do índice”, avisou Braz.

Os pescados saíram de um recuo de 1,47% em fevereiro para um aumento de 2,34% em março, por conta da proximidade da Páscoa. Aves e ovos também foram afetados por um efeito sazonal, deixando assim a queda de 0,42% em fevereiro para alta de 0,69% em março.

Habitação

Os preços dos serviços ajudaram a aumentar os gastos das famílias de baixa renda com habitação em março. Dentro do IPC-C1 a alta no grupo Habitação saiu de 0,38% em fevereiro para 0,72% em março.

O peso do grupo Habitação no índice é semelhante ao do grupo Alimentação. Portanto, o resultado também teve grande influência na alta de 0,55% do IPC-C1 em março. “Habitação é tão importante quanto comida”, lembrou André Braz, economista da FGV. “A taxa de habitação praticamente dobrou de fevereiro para março, passou de 0,38% pra 0,72%”.

Na passagem de fevereiro para março, o aluguel residencial saiu de 0,51% para 0,98%; o condomínio, de 0,60% para 1,21%; as tarifas de água e esgoto, de 0,0% para 1,68%; os serviços de empregados domésticos, de 1,96% para 3,71%; e a mão de obra para reparo em residência, de 0,23% para 1,10%.

“A parte de habitação foi basicamente influenciada por serviços, como condomínio, aluguel e mão de obra. Não existe pressão de material de limpeza, eletrodomésticos, ou móveis, por exemplo”, ressaltou Braz.

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