A Fiat e a Chrysler anunciaram hoje a formação de uma aliança que será implementada por meio da venda rápida de substancialmente todos os ativos da Chrysler para uma nova companhia que seguirá certas cláusulas do Código de Falências dos EUA. Em comunicado, as duas montadoras afirmaram que essa foi a rota escolhida pela Chrysler como a mais eficaz para a reestruturação de sua dívida. Como consequência disso, a Chrysler pedirá hoje ao tribunal de concordata de Nova York que aprove a venda de suas operações à nova companhia.
No final da transação, essa nova empresa assumirá o nome corporativo de Chrysler e se tornará a proprietária de substancialmente todas as operações da Chrysler atual, com certas dívidas e passivos. A nova companhia emitirá uma participação acionária equivalente a 20% à Fiat. A italiana terá o direito de receber até 15% adicionais, em três parcelas de 5% cada uma.
A nova Chrysler será presidida por um conselho composto de nove diretores, três deles escolhidos pela Fiat. Em troca, a montadora italiana dará à Chrysler direitos sobre várias plataformas, tecnologias e modelos da Fiat, bem como acesso a serviços administrativos, cooperação e assistência em áreas-chave dos negócios, como aquisições e distribuição internacional.
O executivo-chefe da Chrysler, Bob Nardelli, confirmou que vai deixar a companhia depois da conclusão do processo de concordata. Nardelli, que assumiu a liderança da empresa em 6 de agosto de 2007, disse que decidiu agora que é a hora de anunciar sua saída e que o governo de Barack Obama não pediu que ele saísse. Ele voltará a ser consultor da Cerberus Capital Management, grupo que controla a fabricante de veículos.
Canadá
O Canadá vai conceder US$ 2,42 bilhões em financiamento para a Chrysler no plano de reestruturação da companhia aprovado pelos governos dos EUA e do Canadá, segundo um comunicado conjunto do presidente norte-americano, Barack Obama, e do primeiro-ministro canadense, Stephen Harper. O financiamento será concedido pelo governo canadense e o do Estado de Ontário, que terão uma participação de 2% na montadora reestruturada. O Canadá também vai nomear um diretor independente para o novo conselho da companhia.
Ford
A Ford Motor disse que o pedido de concordata da Chrysler não irá forçá-la a pedir empréstimos do governo, como os tomados pela Chrysler e a General Motors para financiar as operações desde dezembro. “Eu penso que sempre tivemos muito claro que o risco estava em uma concordata descontrolada”, disse o porta-voz da Ford, Mark Truby. Em um comunicado divulgado nesta tarde, a Ford disse que “neste momento não esperamos qualquer ruptura para nossas operações como resultados das notícias de hoje”.
Histórico
A concordata da Chrysler finaliza uma ampla reestruturação designada a salvar a empresa de uma liquidação financeira. A montadora buscou proteção judicial após ter fracassado em conseguir que todos os seus credores, para quem deve US$ 6,9 bilhões, assinassem um acordo de reestruturação de dívida antes do prazo imposto pela Casa Branca, que venceu hoje.
A Chrysler foi fundada em 1925, como resultado dos esforços do operador de máquinas Walter P. Chrysler para reformular a Maxwell Motor Company. Nos anos 1970, a empresa sofreu queda nas vendas diante da pressão dos EUA para construir carros mais eficientes em uso de combustível e, em 1979, a empresa chegou a pedir US$ 1,5 bilhão em garantias de empréstimo do governo para evitar uma concordata. Em 1998, a Chrysler se uniu à montadora alemã Daimler-Benz para formar a DaimlerChrysler. Após uma parceria de nove anos, a Daimler vendeu uma fatia de 80,1% na Chrysler para o fundo que compra participação em empresas (private equity) Cerberus Capital Management LP. As informações são da Dow Jones.
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