Nem mesmo a ameaça da entrada do produto chinês no mercado nacional a preços inferiores e o alto custo do investimento na implantação da atividade tiram o estímulo dos produtores de alho de Congonhinhas. Com três safras consolidadas, produtividade elevada, comercialização garantida e independência tecnológica, a cultura está garantindo renda aos agricultores familiares e emprego para centenas de trabalhadores rurais do município.

Na época do 1.º Seminário de Desenvolvimento Rural, que debateu a necessidade da diversificação agrícola em Congonhinhas, ocorrido em setembro de 2001, o agricultor José Antônio Canedo, 43 anos, concluía a colheita da área experimental de 1,5 hectares no sítio Santa Terezinha, de propriedade da família, de 48 hectares ocupados tradicionalmente com soja, trigo e milho. Nesta safra está terminando a colheita de 10 hectares da variedade “roxo nobre caçador” e obtendo a produtividade média de 10 mil quilos de alho por hectare.

A receita desse resultado positivo, garante José Canedo, é simples. “Muita vontade de trabalhar na cultura do alho, que sofre menos em relação ao trigo no inverno rigoroso da região, produz bem na altitude de nosso solo, de 700 metros acima do nível do mar, é uma lavoura limpa, envolve muita gente na lida do plantio à colheita e dá resposta de produtividade quando cultivado com tecnologia”, explica.

Atualmente são 16 agricultores na atividade, cultivando 53 hectares nessa safra, afirma o engenheiro agrônomo Luciano Merhy, da Unidade Municipal da Emater-Paraná que dá assistência técnica aos iniciantes e faz o receituário geral da cultura. Ele destaca que o sistema de cultivo da cultura no município é a céu aberto, irrigado, plantado na primeira quinzena de abril até primeira quinzena de maio, colhido no final de agosto até setembro, quando ocorre o amarelecimento das folhas, restando apenas de três a cinco folhas verdes.

Maior dificuldade é o alto custo

O custo de produção é elevado, utilizando como referência o Sítio Santa Terezinha, que, segundo José Antônio Canedo, gira entre R$ 10 mil a R$ 12 mil por hectare. Os investimentos também são altos, só no barracão de secagem e cura, medindo 10 metros de altura, 25 metros de comprimento, 9 metros de altura e cobertura de zinco para abrigar a lotação máxima de 70 toneladas, foram gastos R$ 10 mil. Na irrigação o investimento ultrapassou R$ 40 mil. A encanteradeira, implemento de fazer canteiros, custou R$ 7 mil, a máquina de classificação R$ 5 mil e o debulhador R$ 3 mil.

Além desses investimentos, há também o gasto coletivo realizado pelo Grupo Especializado de Produtores de Alho de Congonhinhas, constituído de 11 participantes cultivando 30 hectares, que construiu dentro do sítio Santa Terezinha o barracão com câmara fria industrial para abrigar a unidade de vernalização de sementes de alho. O barracão tem capacidade de 50 mil quilos de sementes, que ficam 45 dias em tratamento térmico para posterior disponibilidade aos produtores, na época do plantio.

Nessa unidade de vernalização do alho, o governo do Paraná, através da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, pelo Programa Paraná 12 Meses, investiu R$ 34 mil, complementados com mais R$ 46 mil, rateados entre os integrantes do grupo especializado. Sem esta unidade, os produtores de alho de Congonhinhas tinham que levar suas sementes para uma câmara fria em Arapoti e pagar o aluguel de R$ 0,50 por quilo, encarecendo sobremaneira o custo de produção já que utilizam em média mil quilos de semente para cada hectare cultivado.

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