O algodão continua sendo uma boa alternativa para o produtor do Norte do Paraná. O município de Cafeara vem mantendo a atividade algodoeira há quase 30 anos, apesar de sucessivas crises e sérias preocupações de proteção ambiental e de políticas públicas específicas para implementação do setor. E grande parte dos 1.100 trabalhadores rurais do município e da população de 2.300 habitantes depende da cultura para a geração de empregos.
Com 260 alqueires cultivados por 40 produtores, entre proprietários rurais e arrendatários, Cafeara espera colher nesta safra de verão em torno de 117 mil arrobas de algodão em caroço, levando em conta a produtividade média de 450 arrobas por alqueire. A previsão é de que a renda bruta chegue a R$ 2,2 milhões, caso seja mantida a expectativa de comercialização no valor de R$ 20 a arroba.
O atual padrão tecnológico adotado pelos produtores do município recebe nota 7,0 do engenheiro agrônomo Antônio Carlos Rebeschini, extensionista da unidade municipal da Emater-Paraná, empresa do governo estadual e vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Atuando desde 1988 no município, ele lembra que só poderá subir a nota de avaliação quando todos os produtores rurais estiverem colocando em prática os princípios do plantio direto. Isto porque a região faz parte do Arenito Caiuá, onde os solos são sensíveis à erosão.
O plantio realizado é ainda no sistema convencional, feito com gradagem, aração ou subsolagem e gradagem niveladora. “É muita movimentação de máquina e implementos, aumentando o risco da degradação ambiental e elevando os custos de produção”, assegura o agrônomo, que vê a urgente necessidade de maior atenção da pesquisa agronômica e dos empresários fornecedores de máquinas e insumos voltados ao plantio direto na região.
A nota 7,0 também reflete a preocupação do extensionista Rebeschini no que diz respeito ao manejo integrado de pragas, que mesmo recebendo apoio das cooperativas agropecuárias e das empresas de revenda de insumos atuantes na região para difusão da prática do monitoramento constante das lavouras, o volume de aplicações é grande. A média prevista deste ano repete a safra anterior, que dependendo das condições climáticas até o final do ciclo da cultura, ficará em torno de 7 a 8 pulverizações.
A expectativa de rentabilidade econômica é grande se analisada a projeção dos custos finais de produção, que giram em torno de 290 arrobas por alqueire. No entanto, dos 40 produtores, apenas 12 agricultores familiares receberam apoio do governo federal com a liberação de R$ 82 mil do Pronaf e apenas dez foram habilitados nas exigentes normas de crédito rural junto ao agente financeiro credenciado local, com projetos de custeio normal num total de R$ 273 mil, a juros de 8,75% ao ano, “limitando a expansão de área pela falta de recursos próprios do médio e grande produtor rural”.
O município chega na safra de 2003/04 ocupando sua área agrícola de 7.438 alqueires, com 260 de algodão, tendo ainda como alternativa agropecuária 4.628 alqueires de pastagem cultivada, 1.488 de soja, 207 de milho, 42 de amendoim, 909 de cana e 91 alqueires de café.
A vocação cotonícola de Cafeara expressa bem o potencial produtivo da região do Arenito Caiuá, que está recebendo atenção do governo estadual, através de programas estratégicos da Seab, embasados pelas pesquisas agronômicas do Iapar e que tornam competitivas as alternativas produtivas propostas. Entre as alternativas estão a pecuária de curta duração, a reforma da pastagem com leguminosa, gramínea e malvácea.
Têm recebido estímulo atividades como a sericicultura, a cafeicultura adensada no padrão Café Qualidade Paraná, fruticultura, entre outras alternativas específicas da região. “Trabalhamos em Áreas de Programação Integrada, as APIs, unindo esforços das parcerias microrregionais. Cafeara participa da API de Centenário do Sul, com Porecatu, Florestópolis e Lupionópolis. Todos mantendo ainda a tradição do cultivo do algodão”, garante Marli Peres, da Emater.
Cotonicultura
Na safra 2003/04 o Paraná está cultivando 16.609 alqueires e têm expectativa de produzir 93 mil toneladas de algodão em caroço, com produtividade média de 372 arrobas por alqueire, informa o Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento. O Centro-Oeste brasileiro é responsável por 2/3 da produção nacional, que totalizará nesta safra 385 mil alqueires cultivados. A produção mundial é de 19 milhões de toneladas de algodão em pluma, para o consumo de 20 milhões.