Com o grande volume de operações no varejo, preços atrativos e consumidores ávidos por ofertas vantajosas, a Black Friday se tornou uma das datas mais visadas por golpistas e estelionatários.

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Especialistas em segurança cibernética e órgãos de proteção ao consumidor afirmam que a técnica mais utilizada pelos criminosos é a da engenharia social —uma espécie de manipulação da vítima para descobrir seus dados pessoais.

Uma pesquisa divulgada no fim de outubro pela LexisNexis Risk Solutions apontou um crescimento de 37% desse tipo de crime nas operações online.

“A estratégia é sempre a da engenharia social. O que muda é a forma como ela chega até as pessoas”, detalha o diretor de pesquisa e análise da Kaspersky para a América Latina Fabio Assolini.

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“Os criminosos utilizam email, redes sociais ou apps de mensagem instantânea. Alguns usam todas as técnicas possíveis, como comprar palavras-chaves para aparecer nos motores de busca e posts patrocinados no Instagram. Já tivemos até casos em que compraram anúncio em TV”, continua.

Senso de urgência

Essa técnica se beneficia da ansiedade das pessoas e do impulso pela compra. Os recursos mais usados são:

  • Relógio ou cronômetro na tela mostrando que o tempo da promoção vai acabar
  • Expressões como “Últimos produtos estoque”, “É agora ou nunca”
  • Páginas ou recursos que não dão espaço para o cliente pesquisar
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“Esse tipo de estratégia fisga especialmente aquelas pessoas que já estão dispostas a fazer uma compra e estão com o dinheiro em mãos”, afirma o diretor de fraude e risco da América Latina da Pomelo, Gilmar Magi.

No entanto, a advogada especialista em direito do consumidor Bianca Caetano lembra que campanhas promocionais legítimas também podem se utilizar do recurso da urgência. A saída é usar o bom senso e confirmar a idoneidade da empresa que está oferecendo o desconto.

Preços absurdamente baixos

Descontos agressivos são outra técnica que apelam para o emocional do consumidor. Quem não ficaria tentado a comprar um produto por um preço baixíssimo, mesmo quando você nem estava precisando daquilo?

Até mesmo lojas sérias podem vender produtos a um preço muito baixo sem ter estoque. Se a oferta destoar muito da realidade, desconfie.

Limitar as condições de pagamentos

Se um varejo digital exigir que o pagamento seja feito apenas via Pix, transferência ou boleto bancário (ou atrelar o desconto a essas condições), a chance de se tratar de um crime virtual é grande.

“Transações via cartão de crédito podem ser canceladas rapidamente assim que o cliente perceber um golpe. Mas pagamentos via Pix, boleto ou transferência dificilmente poderão ser desfeitos. Por isso, os crimes no varejo virtual preferem utilizar essas formas de pagamento”, alerta Rodrigo Martins, CEO da Voxus, empresa de mídia programática para pequenos e médios negócios.

Mesmo em pagamentos com cartão você não está seguro. Criminosos podem simular sites ou atendimentos virtuais para conseguir os dados do cartão e vendê-los para terceiros.

Forçar transações fora de plataformas seguras

Isso é mais comum em marketplaces e geralmente se mistura com outras técnicas de golpe. Geralmente, o criminoso oferece um produto muito barato, mas quer concluir a compra fora do ambiente seguro.

Para convencer, oferecem um desconto ainda maior e alegam que fora do marketplace não vão pagar taxas. Assim, conseguem trazer o consumidor para outro espaço, onde é mais fácil coletar dados pessoais.

“Nesta época de Black Friday, seremos bombardeados por várias mensagens alardeando oportunidades de compras. A Febraban [Federação Brasileira de Bancos] orienta as pessoas a refletir antes de concluir a transação, para verificar se aquela oferta é verdadeira. Não devemos comprar por impulso”, afirma o diretor do comitê de prevenção a fraudes da Febraban, Adriano Volpini.

Anúncios e sites falsos

Quando se trata de golpe, vale tudo para os criminosos. Você pode receber links falsos através de:

  • mensagens SMS ou nos apps de comunicação instantânea (WhatsApp, Telegram)
  • se deparar com posts patrocinados falsos ou perfis fakes nas redes sociais
  • sites falsos nos motores de busca, imitando páginas de grandes varejistas
  • anúncios falsos encaminhados por email

Nem todo mundo percebe a diferença e acaba realizando algum tipo de cadastro em uma página adulterada ou clonada. Esses dados são então roubadas e utilizados, posteriormente, em transações verdadeiras. Os criminosos podem inclusive acessar as redes sociais e emails das vítimas.

“Muitos sites fakes imitam os idôneos, apenas alterando uma letra, quase que de forma imperceptível. E muitos possuem até cadeado e https, porque isso não é mais indicativo de que o ambiente virtual é seguro. Eles apenas atestam que o conteúdo inserido será criptografado. Tem site fake até com CNPJ, porque os criminosos abrem empresas meses antes da Black Friday”, alerta Fabio Assolini.

Frete pago à parte

O comércio tradicional costuma cobrar o frete ao final da compra. Mas alguns golpistas, na tentativa de pegar os desavisados, geram a transação do produto no cartão de crédito e uma segunda transação à parte, para a entrega, geralmente em boleto, Pix ou transferência. Desconfie.

“O cliente nunca vai receber a mercadoria e também vai perder o valor do frete”, orienta Rodrigo Martins, da Voxus.


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