Alencar volta a criticar juros e câmbio

O vice-presidente da República e Ministro da Defesa, José Alencar, afirmou ontem que a indústria poderia ser o carro-chefe do desenvolvimento do país, mas disse que a economia brasileira é prejudicada pela alta taxa de juros. ?No momento em que o capital é apenas um dos fatores de produção e não tem como ser remunerado pela atividade produtiva é claro que essa atividade produtiva fica prejudicada. Da mesma forma que essas taxas de juros elevadas têm contribuído para esse câmbio burro, que prejudica a economia brasileira porque está errado?.

Alencar falou à imprensa no encerramento do seminário Industrialização, Desindustrialização e Desenvolvimento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele afirmou que as questões destacadas no seminário como principais fatores para o enfraquecimento da indústria no país têm sido objeto de críticas durante toda a sua vida pública.

Segundo ele, o Brasil está preso a um falso dilema de que o país não pode ter juros semelhantes ao de outros países. ?O patamar médio de taxa básica real é de um décimo do que nós praticamos. E olha que estamos praticando taxas bem inferiores às taxas praticadas no governo passado. Então a verdade é que há muitos anos nós estamos sacrificando a economia do Brasil e temos que sair disso?.

Alencar disse ainda que a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está correta. ?A intenção dele é a melhor possível. O que nós precisamos é levar-lhe alguma coisa que o possa convencer. Por isso eu repito que esse seminário traz uma grande contribuição para que o ministro Palocci sinta as razões pelas quais nós estamos preocupados com o futuro da indústria brasileira?, afirmou.

Mantega concorda, mas vê recuperação recente

O presidente do BNDES, Guido Mantega, admitiu ontem que o País passou por um processo de desindustrialização (perda da participação do setor industrial na economia) nos últimos anos. Ele, no entanto, afirmou que a expansão da indústria a partir de 2002 já está mais acelerada na comparação com os 10 anos anteriores.

Segundo Mantega, a abertura da economia promoveu um início de desindustrialização no País mas, ao mesmo tempo, reforçou a competitividade das empresas brasileiras, que foi prejudicada pela política cambial.

?Houve desindustrialização? Houve. Houve retrocesso? Houve, em grande parte pautado pelo baixo crescimento da economia. Porém, a indústria que resistiu, ela se fortalecia, ela ganhava competitividade e isso vai ser importante para o período subseqüente, que se implantou fundamentalmente a partir da mudança da política cambial brasileira?, disse ele, durante seminário sobre desindustrialização, industrialização e desenvolvimento, promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista.

Segundo Mantega, por conta dos efeitos da política industrial implantada nos últimos anos, mas ainda em estágio incipiente, houve uma aceleração do crescimento da produção industrial. Tomando 2002 como base, Mantega afirma que houve crescimento de 16% entre 1990 e o final do governo Fernando Henrique Cardoso, enquanto houve um crescimento de 14% deste ano até junho de 2005.

De acordo com Mantega, pela ótica do BNDES, ?a empresa brasileira está hoje mais forte do que nunca. Ela alcançou um nível de produtividade grande, um nível de competitividade grande, e ela está pronta para briga, está pronta para ganhar essa batalha, claro, desde que as condições macroeconômicas sejam favoráveis para isso?.

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