A Comissão Europeia planejava anunciar ontem seu novo plano para unificação das políticas econômicas do bloco e garantir a aceleração do crescimento na próxima década, no que seria a reforma mais profunda da União Europeia em anos. Mas no melhor estilo europeu as discordâncias sobre como lidar com países à beira de um colapso prevaleceram.
José Manuel Barroso, presidente da Comissão, propôs oficialmente ontem que o fundo de resgate aos países fosse ampliado. Horas depois, Alemanha e França, os dois caixas da UE, vetaram a ideia e colocaram mais uma vez o bloco em um clima de incerteza. O mecanismo criado pela UE em 2010 estabeleceu um fundo de 440 bilhões para financiar países em dificuldades e dar sinais claros ao mercado e aos especuladores de que o euro não estaria ameaçado.
Agora, Barroso quer ir além e diz ter o apoio do Banco Central Europeu (BCE) e do próprio diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn. “Acreditamos que nossa capacidade de financiamento deva ser reforçada e o grau de atuação do mecanismo de socorro deva ser ampliado”, anunciou Barroso.
“O governo alemão acredita que, nesse momento, não há sentido e é desnecessário falar sobre uma ampliação do fundo”, afirmou o porta-voz do governo de Berlim, Steffen Seibert. Para a chanceler Angela Merkel, o mecanismo está “distante” de ter sido usado em sua exaustão e simplesmente afirmou que não falaria mais do assunto. Na França, o porta-voz do governo, François Baroin, declarou que o fundo era “suficientemente grande” e que o assunto sequer estava na agenda da reunião de ministros de finanças da UE, na semana que vem, como queria Barroso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.