Os R$ 2,19 cobrados pelo litro do etanol em alguns postos afugentaram o consumidor, mas não devem travar a escalada de preços das próximas semanas. Para o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR) o realinhamento nos valores dos combustíveis, desde que a Petrobras aumentou a gasolina, também possibilitou que a alta, até então absorvida, do custo de produção das usinas acompanhasse o ajuste.
O diretor do Sindicombustíveis-PR, Dinho Sprenger, acredita que a tendência é subir ainda mais o litro do etanol, que reflete o repasse da elevação da usina (pelo menos R$ 0,10 no litro do álcool anidro). “A defasagem de preços continua e o governo aumentou o imposto para a nova quinzena”, avisa. O tributo está vinculado ao Ato Cotepe que a cada quinzena é divulgado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e trabalha com o preço médio ponderado de todos os combustíveis.
Para Sprenger, os estabelecimentos que recuaram no ajuste do etanol, ou estão trabalhando com subsídio da distribuidora, ou não aplicam a mesma margem de lucro para o álcool e a gasolina. “Não trabalhar com a mesma margem significa prejuízo já que o custo do posto para abastecer qualquer um dos dois combustíveis é o mesmo”, aponta.
Reclamações
A resposta do consumidor a essa disparada do etanol vem na mesma proporção do aumento. “Faz seis meses que não abasteço com álcool, pois não compensa”, conta o vigilante Júlio César Santos. “Tendo o nome limpo, qualquer um hoje sai com carro zero. Mas o assalariado deixa na garagem porque não aguenta abastecer”, critica. O engenheiro eletricista Augusto B. Rodrigues também reclama dos valores. “O etanol ficou pesado e como a gasolina desenvolve mais, não tem nem o que pensar”. Dentre os postos consultados pela Tribuna, na comparação com as vendas de gasolina, o volume de etanol comercializado não atinge nem 20% do total vendido nas últimas semanas.