O governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de 62 anos, foi oficializado ontem candidato à reeleição pelo PSDB com um discurso destinado a exaltar a longevidade tucana no poder no Estado – são quase 20 anos consecutivos – e desconstruir o mote de seus adversários, que se apresentam como o novo. “São Paulo não quer esperteza nem arrogância, mas experiência e honestidade”, disse ele, durante a convenção do partido.
“Acreditamos que o atalho não é melhor caminho. Não existe atalho nem jeitinho na educação, saúde ou segurança. Não existe atalho na vida pública. Foi sem atalho que chegamos até aqui”, afirmou o governador. O discurso foi escrito pelo marqueteiro do PSDB, Nelson Biondi, e seguido à risca pelo governador.
Os alvos do tucano foram os adversários na disputa, o empresário Paulo Skaf, candidato do PMDB e segundo colocado nas pesquisas, e Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde da presidente Dilma Rousseff (PT). Nenhum deles ocupou até hoje cargos eletivos. Padilha disputa sua primeira eleição e Skaf a segunda – em 2010, o empresário foi candidato a governador pelo PSB.
Segundo interlocutores do governador, a estratégia do partido na primeira fase da campanha será circunscrever a disputa entre dois campos e carimbar Skaf como um aliado informal dos petistas. Dilma já disse que considera o peemedebista um de seus candidatos. Um dos vídeos transmitidos na convenção, por exemplo, reproduziu reportagens de jornais com críticas à gestão de Luiz Antônio Fleury (PMDB), que ocupou o governo do Estado entre 1991 e 1995.
Questionado sobre para quem foi direcionado o discurso do governador, o marqueteiro Nelson Biondi desconversa. “O bom de um discurso como esse é que cada um interpreta como quiser.”
O governador em nenhum momento de sua fala citou diretamente o PT, mas escolheu a economia para criticar o partido no plano nacional. “São Paulo aprova o PSDB porque não quer saber de contabilidade criativa. Quer avanços baseado em fatos.”
A chamada contabilidade criativa é uma estratégia do governo federal de contar com lucros de estatais para se atingir as metas fiscais anuais. Tem sido usada com frequência pelo senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, para fazer críticas a Dilma.
Aécio, que participou da convenção em São Paulo, exaltou a candidatura de Alckmin e
também fez críticas indiretas aos adversários. “É preciso fazer um alerta claro para aqueles que se apresentam a todo instante com posições diferentes. Nós não mudamos de lado.”
Reservadamente, tucanos interpretaram que a fala era endereçada ao ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD. Depois de uma longa negociação com Alckmin, ele surpreendeu o mundo político ao anunciar aliança com Skaf.
Anunciado como candidato a vice na chapa, o deputado Márcio França (PSB) foi mais incisivo ao falar sobre os partidos que não se aliaram a Alckmin. “Que bom que nós conseguimos purificar a nossa canoa, porque nela tinha muita gente que não cabia nesse padrão. Que bom que escolheram outros caminhos. Vão se sentir melhor por lá”, afirmou.
Covas
Um vídeo homenageando Mário Covas foi exibido no telão antes do discurso de Alckmin. Foi Covas quem inaugurou a sequência de gestões do PSDB ao ser eleito governador em 1994. Em seguida, foram listadas obras feitas em governos tucanos.
“Há 20 anos diziam que São Paulo tinha o PIB da Argentina. Hoje o PIB da Argentina é de US$ 448 bilhões e o de São Paulo é de quase US$ 800 bilhões. São quase duas Argentinas”, disse Alckmin em sua fala. O objetivo dos estrategistas tucanos é destacar na campanha o “legado” do partido no Palácio dos Bandeirantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.