O impacto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) sobre o emprego deverá ser um dos novos temas incluídos nas discussões entre os 34 países envolvidos nesta negociação. A proposta foi apresentada hoje (31) pelo Brasil e seus sócios do Mercosul ao representante dos Estados Unidos para o Comércio, Robert Zoellick, que a considerou válida.
Segundo o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Lafer, o tema é considerado importante pelo atual governo do País. Mas “seguramente” será uma das preocupações da administração de Luiz Inácio Lula da Silva, que será responsável por conduzir as negociações da Alca em sua etapa final. “A questão do impacto nos empregos deverá entrar na agenda da Alca”, afirmou Lafer.
Há sete anos em discussão, essa é a primeira vez que os principais negociadores avaliam a possibilidade de tratar dos efeitos da completa abertura comercial entre os 34 países da Alca na preservação dos atuais postos de trabalho. A possibilidade de perda de empregos e de deteriorização nas condições de trabalho tornou-se também uma das bandeiras dos movimentos contrários à Alca, concentrados em Quito no encontro paralelo do Fórum Social.
Segundo Lafer, o caminho foi aberto pelo próprio Trade Promotion Authority (TPA), o mandato concedido pelo Congresso americano a seu Poder Executivo para concluir acordos comerciais. Seu texto determina ao governo dos Estados Unidos a adoção de políticas direcionadas a reduzir os impactos da liberalização do comércio no emprego do país. “Exploramos essa orientação do TPA com sutileza”, afirmou Lafer. “Se o emprego é uma preocupação para os Estados Unidos, também é para nós”, completou.