O ajuste fiscal foi o golpe de misericórdia na confiança das empresas de construção, já abaladas pela desaceleração causada pela queda na demanda de famílias e de empresas. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a confiança das companhias que atuam em obras do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caiu 25% no primeiro semestre, ritmo maior do que o observado entre empresas fora desse grupo (-21,7%).

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Associações do setor reclamam da inadimplência do governo. Segundo a pesquisa, 55,7% das empresas que realizam obras do Minha Casa Minha Vida afirmam que os pagamentos por serviços já realizados estão com atraso de pelo menos 60 dias. Entre as que trabalham em obras do PAC, a fatia chega a 65,2%.

Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop) calcula que o governo federal deve R$ 1,8 bilhão a empresas de todo o País por obras do MCMV e outros R$ 3,5 bilhões referentes ao PAC. “E nem estamos contabilizando a Petrobras”, disse o presidente da entidade, Luciano Amadio. A estatal enfrenta desafios para equilibrar as finanças e também é alvo de reclamações de fornecedores por supostos atrasos em pagamentos.

O Ministério das Cidades informou que repassou R$ 250 milhões este ano para quitar compromissos referentes a obras do PAC. De acordo com o ministério, a ordem de pagamento é emitida quando a Caixa, que opera o fundo, atesta a realização do serviço. Os repasses referentes às contratações de unidades habitacionais do MCMV, por sua vez, somam cerca de R$ 8 bilhões no ano. “O Ministério das Cidades já repassou à Caixa os recursos necessários para a quitação do pagamento até o fim de maio”, informou a nota.

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A desaceleração do setor da construção vem desde o ano passado, mas as empresas que mantinham contratos com o setor público ainda estavam mais confiantes, disse a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV. No primeiro semestre, porém, a situação se inverteu. A esperança é a nova fase do Programa de Investimentos em Logística. Mesmo assim, levará algum tempo até o início das obras. “O ano de 2016 será morto”, diz Amadio, da Apeop. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.