economia

Ajuste a novo patamar de câmbio prossegue e juros sobem pela 5ª sessão seguida

Mesmo com o câmbio nesta quarta-feira relativamente bem comportado, o mercado de juros prosseguiu com os ajustes aos novos patamares atingidos pelo dólar nos últimos dias e as taxas voltaram a subir. Foi a quinta sessão consecutiva de avanço, em meio à zeragem de posições vendidas relacionadas a desmontes de operações de hedge em dólar futuro e a ajustes nas apostas para o ciclo de afrouxamento monetário. Com o dólar mais perto de R$ 4,20, a probabilidade de um novo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic no Copom de setembro na curva a termo refluiu nos últimos dias, passando de 80% na sexta-feira para 50%.

Tal como nas sessões recentes, o volume de contratos foi exuberante, acima da média dos últimos 15 dias. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta as apostas para a Selic nas reuniões do Copom restantes em 2019, fechou em 5,405%, de 5,392% na terça no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2021 subiu de 5,579% para 5,64% e a do DI para janeiro de 2023, de 6,661% para 6,75%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 7,26%, de 7,141%.

Juliano Ferreira Neto, estrategista da BGC Liquidez, vê duas forças atuando no mercado que explicam o movimento nos juros mais intenso do que no dólar. “Há ajuste na precificação de ciclo da Selic, que traz zeragem de posições vendidas em juros e desmontagem de operações de hedge em dólar futuro”, disse.

Nos últimos meses, a redução das expectativas de inflação para abaixo das metas neste e no próximo ano, juntamente com dados indicando a fraqueza da atividade doméstica e sinais de desaceleração da economia global, além do avanço das reformas, tornou o cenário muito atrativo para aplicar recursos na renda fixa, indicando um largo espaço para a Selic renovar seus pisos históricos. Mas como nas últimas semanas o real vem sendo penalizado junto com outras moedas de economias emergentes, há dúvidas sobre se o câmbio dará condições para a taxa básica chegar a 5%. Nessa reprecificação dos ativos de renda fixa, o investidor recolhe sua exposição em prefixado, o que puxa desmonte de operações de proteção em derivativos cambiais.

Segundo cálculos do economista-chefe do Banco Haitong, Flávio Serrano, na curva a termo, o mercado já está dividido entre corte de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto da Selic no Copom dos dias 18 e 19 de setembro. “Na sexta, havia 80% de chance de queda de 0,5 ponto”, afirmou. Para o fim do ano, a precificação de queda de cerca de 80 pontos-base para a Selic agora está em 64 pontos.

Nas mesas de operação, os profissionais estão mais conservadores do que nos Departamentos Econômicos, onde os economistas continuam vendo condições para o Copom puxar a Selic para 5% ou até menos, dado o ceticismo sobre o repasse cambial para os preços em função da ociosidade da economia. “De todo modo, a depender da persistência do dólar em níveis elevados, pode mexer com as expectativas”, disse Serrano.

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