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Ainda há dúvida sobre a velocidade da desinflação, diz diretor do BC

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, reafirmou que a evolução dos preços livres e administrados tem sido compatível com o cenário amplo para a inflação esperada pela instituição. Reconheceu, no entanto, que “há dúvidas sobre a velocidade do processo” de desinflação.

Viana mencionou especialmente a desinflação de serviços, que tem apresentado comportamento irregular, com alguns preços em rápida desaceleração e outros sem essa dinâmica.

O diretor frisou que o Comitê de Política Monetária (Copom) “será mais produtivo” para analisar e tentar “ler e entender o todo”. “E não uma palavra específica”, disse.

Viana ressaltou que o cenário do BC não é estático. “Levamos em consideração todos os anos-calendário que já têm meta definida”, disse.

Ao olhar para todo o horizonte com meta estabelecida, o diretor diz que “não há uma coisa rígida” na percepção no calendário. “Vai caminhando gradativamente à medida que o tempo passa e esse horizonte também depende da natureza do choque. Não há data mágica. Há ideia de continuidade” disse. “A forma de pensar do comitê envolve continuidade. Temos mandato em termos de ano-calendário e temos que perseguir a meta dentro desses anos olhando para o horizonte relevante. Os horizontes não são estáticos”, disse. “Não há momento crítico, mágico de substituição de um horizonte pelo outro. Há processo contínuo nos horizontes que abarcam 2017 e 2018. É um processo muito contínuo e que ocorre de forma gradual”.

Sobre a evolução recente da inflação desde a reunião de agosto do Copom, o diretor disse que o “sinal mais claro” aconteceu na desaceleração dos preços de alimentos e na transmissão da desinflação de atacado para varejo. “Embora haja incerteza sobre a transmissão” disse.

IPCA-15

O diretor de Política Econômica do Banco Central reiterou que o último resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), relativo a setembro, já foi considerado nas projeções do RTI, em especial nas projeções do Copom para a inflação de curto prazo.

Na quinta-feira, dia 22, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 – considerado uma espécie de prévia para o IPCA, o índice oficial de inflação – relativo a setembro foi de 0,23%, o que representou uma desaceleração ante 0,45% de agosto. Foi a menor taxa para meses de setembro desde 2009. No acumulado do ano, o IPCA-15 está em 5,90% e, nos 12 meses encerrados em setembro, em 8,78%. O dia 22 de setembro, quando saiu o IPCA-15, foi também a data de corte do RTI divulgado hoje.

Horizontes longos

Viana reiterou ainda, durante a coletiva de imprensa, que “olhando para horizontes mais longos, as expectativas de inflação estão estabilizadas em 4,5%”. De fato, a abertura dos dados do Relatório de Mercado Focus mostram que os economistas do mercado financeiro projetam inflação em 4,5% para anos como 2018 (ainda dentro do horizonte do BC) e 2019.

Viana afirmou ainda que o Copom persegue a meta de 2017, mas “olha o tempo o horizonte relevante”. “Temos mandato definido de metas em anos-calendários olhando horizonte relevante”, comentou Viana. “Queremos passar ideia de avanço gradual do horizonte relevante”, acrescentou.

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