Pela primeira vez em dez meses, a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou em alta a sua previsão para a demanda mundial de petróleo em 2009, em resposta aos suaves sinais de melhora da atividade econômica que estão surgindo. Em seu relatório mensal sobre o mercado de petróleo, a AIE informou que espera que a demanda global por petróleo bruto neste ano totalize uma média de 83,3 milhões de barris por dia, acrescentando mais 120 mil barris por dia em relação ao prognóstico de demanda feito em seu levantamento divulgado em maio.
A demanda neste ano deve recuar 2,9%, ou 2,5 milhões de barris por dia, em relação aos níveis do ano passado, de acordo com as estimativas. Mesmo assim, a revisão em alta sinaliza que a acentuada deterioração da demanda por petróleo, provocada pela pior recessão global em 80 anos, deve, provavelmente, terminar. “É uma revisão relativamente modesta. Alguns dados macroeconômicos do primeiro e segundo trimestres estão, aparentemente, mais saudáveis do que o esperado, mas este é apenas um começo”, disse o editor do relatório da AIE, David Fyfe.
Com sede em Paris, a AIE é um grupo de aconselhamento sobre energia para os grandes países consumidores, como os EUA e o Japão. A agência vinha sendo alvo de críticas por parte de alguns analistas que consideravam seus prognósticos excessivamente pessimistas. A abordagem levemente mais otimista sobre a demanda mundial de petróleo se espelha em estimativas de outros grupos industriais, divulgadas em um momento em que o petróleo é negociado em torno de US$ 72 por barril nos EUA, o nível mais elevado em oito meses.
Dados econômicos mais encorajadores e um movimento de investimentos especulativos fizeram os preços do petróleo dobrarem desde o final de 2008. Alguns analistas, contudo, destacam que esse grande salto de preço não tem sustentabilidade, caso a demanda por gasolina nos EUA, o maior consumidor do globo, não mostre um crescimento significativo durante o verão no Hemisfério Norte.
A AIE informou que prevê que a demanda de gasolina nos EUA registre crescimento a partir de junho pela primeira vez desde setembro de 2007, mas não forneceu números específicos sobre a expansão prevista para o produto. A demanda total de petróleo dos EUA foi revisada para cima em 50 mil barris por dia, embora o consumo ainda deva mostrar um recuo pesado de 4,8%, ou 1 milhão de barris por dia, para 18,6 milhões de barris por dia, neste ano.
O prognóstico de consumo de petróleo pela China também foi reajustado para cima em 40 mil barris por dia. A demanda total neste ano deve cair 0,4%, para 7,9 milhões de barris por dia, ante os níveis de 2008. Fyfe informou que boa parte da revisão em alta da previsão de demanda refletiu a melhora na produção de plásticos e outros produtos petroquímicos na Ásia, além de uma recuperação da demanda para estocagem do produto pela China, o segundo maior país consumidor do globo. As informações são da Dow Jones.