A Agência Internacional de Energia (AIE) acredita que a crise econômica levará a novos cancelamentos de projetos de biocombustíveis, o que inevitavelmente afetará a capacidade de produção do setor. Os investimentos já vêm desabando no último ano. “A onda de construção de novas refinarias pelo mundo está se dissipando e muitos projetos que entraram em operação têm permanecido ociosos em razão da piora das condições econômicas”, diz o relatório anual “Perspectiva para Energia Mundial” divulgado hoje.
Conforme a entidade, a capacidade mundial de etanol e biodiesel está hoje em 2,2 milhões de barris por dia – acima do 1,8 milhão de bpd registrado em meados de 2008 -, com ociosidade de 200 mil bpd. Os financiamentos ao setor no mundo despencaram 74% no primeiro trimestre deste ano e 43% no segundo, nas comparações anuais. O movimento de retração dos investimentos afeta o Brasil. “Os projetos que já têm financiamento garantido irão continuar, mas muitos outros que não têm provavelmente serão cancelados”, diz a AIE. Segundo levantamento da agência, dos 135 projetos brasileiros que estavam em desenvolvimento no início de 2008, 29% foram adiados ou abandonados e outros 23% foram paralisados. Somente 85 devem ser autorizados para 2016.
Nos Estados Unidos, os produtores passam por dificuldades e diversos pediram concordata. Cerca de um quinto da capacidade de produção norte-americana estava ociosa no início de 2009. Na União Europeia, a política de critérios de sustentabilidade, a ser adotada, adiciona instabilidade ao setor, na avaliação da AIE. Em contrapartida, os financiamentos para a segunda geração de biocombustíveis, principalmente a lignocelulose, devem crescer, estimulados pelos pacotes dos governos, prevê a agência. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Departamento de Energia destinará US$ 16,8 bilhões para investimentos na segunda geração.