Agropecuária nacional perde trabalhadores

A última Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o campo perdeu meio milhão de trabalhadores entre 2005 e 2006. O Paraná, seguindo a tendência, viu 48 mil trabalhadores deixarem a agricultura no mesmo período. Os motivos dessa migração estão relacionados às dificuldades que o setor enfrentou nos últimos anos, com prolongadas estiagens, endividamentos e crises nas exportações por conta da febre aftosa e gripe aviária. No entanto, a tendência é que o quadro melhore, segundo representantes dos produtores e trabalhadores rurais, em vista do aumento da produção de cana e do desenvolvimento de ramos promissores como a fruticultura e horticultura.

A crise que se instaurou no campo a partir de 2004 até o ano passado fez com que o produtor rural perdesse renda, o que resultou em demissões. ?Quem tinha dívidas precisava reduzir custos. E como não dava para reduzir via fertilizantes, a solução foi cortar mão-de-obra?, lembra o assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. As perdas nas exportações, agravadas pelo câmbio desfavorável à época, somadas às suspeitas de febre aftosa, estiagens prolongadas e, por fim, aos reflexos da gripe aviária nas vendas dos abatedouros, formaram um ?pacote? nada animador. Resultado: migração intensa de trabalhadores do campo para a cidade.

Processo, este que fica ainda mais evidente por conta da mecanização do campo. ?O setor canavieiro, grande empregador, sofre forte pressão para que se mecanize por conta da questão ambiental, porque, para usar mão-de-obra no canavial, precisa pôr fogo?, exemplifica. Mesmo assim, é o que mais emprega no Estado e com a perda dos trabalhadores volantes para o meio urbano, vem tendo inclusive de trazer mão-de-obra de fora. ?Algumas usinas de álcool estavam trazendo trabalhadores da Bahia e Alagoas para cá porque o pessoal daqui acaba se inserindo na atividade econômica urbana e permanece nela?, complementa o assessor.

A despeito do cenário que ocasionou as perdas, as expectativas daqui para frente são positivas, já que o Estado está investindo em ramos que exigem mão-de-obra e são altamente lucrativos, como a fruticultura e horticultura. ?É uma nova forma de manter esse pessoal no campo. Vê-se pelo cinturão verde de Curitiba, que vem aumentando muito ultimamente com as pequenas granjas instalando-se na região metropolitana.?

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), Ademir Müller, também acredita na boa safra como esperança para quem atua no campo, além da expectativa de aumento significativo na produção de cana. ?A produção foi boa, preços melhoraram e a compra de insumos dessa vez está sendo beneficiada pelo baixo câmbio?, cita. ?Isso não quer dizer que os problemas estejam resolvidos, as dívidas ainda existem, mas esperamos que a safra 2007/08 seja tão boa quanto a anterior, para que o produtor retome seu crescimento e gere novos focos de trabalho?, aguarda. ?Assim, certamente na próxima Pnad veremos resultados diferentes.?

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