A agroindústria puxou para cima o nível de emprego da indústria paranaense em abril. Das 12.368 vagas geradas no mês, 10.042 – ou seja, 81,2% do total – ocorreram neste setor. Em abril, o nível de emprego cresceu 2,55% – foi o melhor abril dos últimos cinco anos, tanto na variação mensal como no saldo de empregos, segundo os indicadores divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), em conjunto com a Federação dos Trabalhadores na Indústria do Paraná (Fetiep).
Na agroindústria, as duas atividades que mais empregaram no mês foram a fabricação e o refino de açúcar (5.309 vagas) e produção de álcool (2.982). Juntas, elas responderam por quase 83% das vagas criadas na agroindústria. Incluindo todos os demais setores – não apenas a agroindústria -, quem mais gerou empregos em abril foi a indústria de alimentos, bebidas e álcool etílico (9.639 empregos), seguida pela indústria têxtil (755), madeira e mobiliário (452) e indústria química (430).
No acumulado do ano (janeiro a abril), o saldo de empregos na indústria de transformação é de 20.661 vagas – 83% delas concentradas no interior do Estado. Os setores que mais empregaram continuam sendo a indústria de alimentos e bebidas (11.669 empregos), indústria têxtil e do vestuário (1.957), além da indústria do material de transporte (1.561) e indústria de materiais elétricos e de comunicação (1.269). No Paraná, o saldo de empregos cresceu 4,33% no ano – desempenho acima da média nacional, que ficou em 2,22%.
Importante lembrar que o nível de emprego vinha apresentando queda desde janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A exceção ficou por conta de abril, quando ao invés de redução, houve elevação de 10,55% no saldo de empregos.
Apesar dos bons números registrados em abril, o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, não acredita em reversão de tendência. ?Alguns indicadores de abril e maio ficaram acima da expectativa do mercado. Alguns analistas dizem que pode ser o início de um crescimento mais positivo, com a inflação caindo, os juros estáveis e expectativa de queda a partir de agosto ou setembro?, apontou Silva. ?Em contrapartida, há a crise política, que por enquanto não está afetando a economia, mas que pode afetar?, acrescentou.
Produção industrial
A produção industrial em abril registrou uma queda de 3,21% sobre março. O mau desempenho ficou por conta especialmente da indústria de outros produtos químicos (queda de 20,47% na comparação com março), máquinas e equipamentos (-16,6%), madeira (-14,32%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,01%).
Já no acumulado do ano, a produção industrial paranaense cresceu 4,99% – abaixo dos 8,09% registrados no primeiro quadrimestre de 2004. Entre os setores que apresentaram os maiores crescimentos na produção, destaque para outros equipamentos de transporte (aumento de 41,18%), edição, impressão e reprodução de gravações (32,23%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,35%). Na outra ponta apresentaram queda a indústria de outros produtos químicos (-28,10%), borracha e plástico (-10,50%) e madeira (-6,08%).
Já as exportações paranaenses registraram crescimento de 3,69% na comparação com março e 49,39% na comparação com abril do ano passado. Para Sandro Silva, com a atual taxa de câmbio, dificilmente as exportações vão manter tais patamares até o final do ano.
IBGE aponta continuidade no crescimento
A Pesquisa Industrial Anual (PIA/Produto 2003), do IBGE, confirma a continuidade do processo de desconcentração espacial da indústria no Brasil. Enquanto São Paulo registrou perda de 3,9 pontos percentuais na participação das vendas em 2003 frente a 2000, o Paraná apresentou crescimento de 1,3 pontos, o melhor resultado do País.
Segundo levantamento divulgado ontem, a participação do Paraná cresceu de 5,9% para 7,2%. Logo abaixo, aparecem Rio de Janeiro (de 6,6% para 7,4%), Bahia (de 4,5% para 5,1%) e Goiás (de 1,2% para 1,6%). Apesar da queda, São Paulo é responsável por 42,5% das vendas industriais. Em 2000, a participação paulista era de 46,4%.
As vendas dos produtos no país alcançaram R$ 738 bilhões frente a R$ 431 bilhões, em 2000, aumento que reflete em grande parte a evolução dos preços industriais (o índice de preços industriais da FGV variou 61% no período).
Os seis estados que alcançaram os maiores valores de vendas, em 2003, foram os mesmos que em 2000: São Paulo (R$ 313,3 bilhões), Minas Gerais (R$ 73,4 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 64,6 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 54,4 bilhões), Paraná (R$ 52,8 bilhões) e Bahia (R$ 37,6 bilhões).
Bens Intermediários
De acordo com a PIA/Produto 2003, São Paulo é a principal área produtora de Bens Intermediários (39,5%), seguido por Minas Gerais (12,3%), Rio Grande do Sul (8,3%), Rio de Janeiro (7,6%) e Paraná (7,3%). Os cinco principais itens dessa categoria são: óleo diesel (com 69% das vendas em SP, PR e BA), minério de ferro (78% em MG e ES), açúcar cristal (70% em SP), adubos e fertilizantes(44% no PR e SP) e óleos combustíveis (63% em SP e RJ).
A produção de Bens de Capital apresentou a maior concentração em relação às outras categorias, com São Paulo liderando (55,4%), seguido por Rio Grande do Sul (13,7%), Paraná (8,2%), Rio de Janeiro (7,8%) e Minas Gerais (5,1%). Entre os itens que lideram as vendas de Bens de Capital estão aviões (100% das vendas em SP), caminhões pesados (95% das vendas em SP e RJ), tratores agrícolas (77% no RS e PR), máquinas para colheitas (94% no RS e PR) e computadores (71% em SP).
Na produção de Bens de Consumo Duráveis, destacam-se os estados de São Paulo (40,2%), Amazonas (24,6%), Paraná (9,3%), Minas Gerais (9,0%), Rio Grande do Sul (5,2%) e Bahia (4,8%) de participação nas vendas. Entre os produtos, o destaque é Automóveis entre 1500 e 3000 cilindradas, o segundo no ranking nacional, que tem em São Paulo a principal parcela de suas vendas (63%). Automóveis de até 1000 cilindradas são o segundo item mais importante nessa categoria, seguido por telefones celulares.