Agroindústria e exportação evitam quedas maiores

Apesar dos sinais de recuperação apresentados no último trimestre, a indústria paranaense registrou diversos índices negativos em 2003, conforme levantamento divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). De janeiro a novembro, cresceu a produção industrial (3,15%), o valor exportado (24,47%), a arrecadação de ICMS (26,55%), as compras reais (6,56%) e o número médio de horas pagas por trabalhador (0,94%). Entretanto, houve queda no nível de emprego com carteira (-5,29%), consumo de energia (-4,94%), vendas reais (-12,09%) e na remuneração média do trabalhador (-7,30%).

A indústria paranaense gerou 27.184 empregos nos onze primeiros meses de 2003, sendo 83,48% no interior do Estado. No mesmo período de 2002, foram criados 28.703 postos de trabalho. “A redução é reflexo da diminuição do mercado interno. O que tornou o quadro menos dramático foi a agroindústria e as exportações”, analisa o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. Do total de novas vagas, 56% (15.219) foram abertas no setor agroindustrial.

Os setores que mais ampliaram o nível de emprego no último ano foram: produtos alimentícios e bebidas (9.572 vagas abertas), têxtil e vestuário (4.803) e madeira e mobiliário (4.473). Em relação ao estoque de trabalhadores existente em dezembro de 2002 (408.782), houve ampliação de 6,65%. Em percentual, foi a oitava maior variação do País, acima da média nacional de 4,11%. Em volume absoluto, o Paraná ficou em segundo no ranking dos estados, atrás apenas de São Paulo, com saldo de 55.508 vagas.

Produção

A produção industrial do Paraná apresentou aumento em onze dos dezoito gêneros pesquisados, com destaque para borracha (33,35%), mecânica (17,85%), vestuário (12,97%), material de transporte (9,55%) e couros e peles (9,44%). As maiores quedas ocorreram em: produtos de materiais plásticos (-16,66%), perfumaria, sabões e velas (-11,40%), fumo (-6,51%) e papel e papelão (-5,75%). “A recuperação da produção industrial não está disseminada em todos os segmentos, situação típica de transição de um cenário de baixo crescimento para a retomada do crescimento”, observa Cordeiro.

Apesar do avanço da produção, as vendas reais caíram. A explicação, segundo Cordeiro, seriam os reajustes de preços em patamar inferior à inflação. Já a queda no consumo de energia foi motivada porque os setores que mais cresceram são mais intensivos na utilização da mão-de-obra, comenta o economista. Embora a queda da renda tenha sido expressiva no ano, os indicadores dos últimos meses apontam para o início de recuperação do poder aquisitivo. “A inflação desacelerou e a maioria das categorias conseguiu zerar a inflação na data-base”, destaca Cordeiro.

Juros

Na avaliação dele, a manutenção da taxa Selic na última reunião do Copom não frustra as expectativas otimistas para a economia em 2004. A maior crítica do economista do Dieese em relação à política de juros diz respeito ao foco das decisões: “O BC tem um único olhar, para a meta de inflação, e não é sensível aos outros indicadores.” Segundo Cordeiro, não se justifica manter a taxa de juros inalterada enquanto o risco-País, o dólar e o PIB estão num patamar baixo. O economista cita que o governo tem outros instrumentos para inibir aumento de preços. “Mexer nas alíquotas de importação tem um melhor impacto na balança comercial do que o efeito dos juros em toda a atividade econômica.”

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