Agricultura prepara ?tratoraço? dia 29

O segmento agropecuário pretende dar uma cartada final na tentativa de receber apoio do governo federal visando amenizar a forte crise originada pela queda dos preços internacionais dos principais produtos e, principalmente, a seca que afetou a produtividade das lavouras este ano. No próximo dia 29 será realizado um ?tratoraço? na Esplanada dos Ministérios em Brasília com a participação de representantes do setor produtivo da maior parte dos estados.

Os protestos realizados nos estados, recentemente, e a audiência de lideranças com o presidente Lula, ocorrido logo em seguida, não surtiram o efeito esperado. O governo anunciou alguns recursos para apoiar as áreas mais prejudicadas pela seca, e foi só.

?Não temos muitas expectativas?, frisou na semana passada o presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), João Paulo Koslovski. Ele citou que os produtores da região Noroeste do Paraná, em especial, não devem cultivar esperanças de serem atendidos, pois em nenhuma das áreas atingidas pela estiagem houve a decretação do estado de calamidade pública. O próprio banco oficial repassador de recursos teria informado, extra-oficialmente, que não há muito o que esperar.

?O que o governo fez foi no âmbito do financiamento agrícola, os demais produtores ficaram descobertos. Precisamos ter, o mais rápido possível, liberação de recursos suficientes para que atendam tanto aos produtores como às cooperativas?, apontou Koslovski.

Questionamento

Duas das principais medidas anunciadas pelo governo federal também têm sua eficácia questionada pela Ocepar. Uma delas diz respeito ao financiamento para integralização das cotas partes das cooperativas. Trata-se de um financiamento para capitalização e que proíbe a sua utilização para o pagamento dos débitos dos cooperados. A questão é que o produtor continua com débitos vencidos e os agentes financeiros alegam não ter recursos financeiros disponíveis para essa linha de crédito.

A segunda medida, que consiste na utilização dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), foi disponibilizada apenas para municípios em estado de emergência, que no Paraná são apenas 40. O governo liberou recursos do FAT para que os fornecedores de insumos possam prorrogar o prazo para a quitação das dívidas dos produtores. Porém, enquanto o produtor teria mais prazo, até dois anos, para pagar sua dívida com juros de 8,75% ao ano, o fornecedor estaria pagando 9,75% mais TJLP e o spread bancário. E o fornecedor resiste em arcar com o ônus da equalização desses juros e do spread.

O presidente da Ocepar ressalta que tanto as cooperativas como também os produtores não têm recursos para sustentar o preço dos produtos, por falta de crédito para a comercialização da safra.

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