O aumento no número de estabelecimentos agropecuários, o crescente uso de novas tecnologias, a fixação do agricultor no campo e o incremento na produção de cana de açúcar e na criação de aves foram alguns dos destaques do Paraná no Censo Agropecuário 2006, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A agricultura familiar foi outro ponto de destaque na pesquisa, que apontou que 81,6% do total de 371.051 estabelecimentos agrícolas do Paraná são deste tipo. O censo revelou que em dez anos o Paraná ganhou 1.176 estabelecimentos agropecuários no geral, contrariando a tendência de diminuição que ocorreu entre os anos de 1985 e 1996, quando o estado perdeu 96.522 estabelecimentos.

No total, são 302.907 estabelecimentos dedicados à agricultura familiar, cinco vezes mais do que aqueles da agricultura não familiar (um total de 68.144). O curioso é que, em área, a agricultura familiar é pelo menos cinco vezes menor. Ou seja: são muitos os agricultores familiares, mas eles produzem em pequenas propriedades.

Apesar da agricultura familiar representar 81,6% do total dos estabelecimentos agrícolas no Paraná (um total de 302.907 estabelecimentos contra 68.144 da agricultura não familiar) ainda há algumas dificuldades para o homem que tira o seu sustento desse tipo de produção.

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A maior parte dos agricultores que obtiveram financiamento em 2006 foram aqueles que lidam com a agricultura familiar, tanto para custeio, para investimento ou para comercialização.

No entanto, grande parte dos que não conseguiram este tipo de auxílio (55.081 no total) declararam que não necessitavam dele (38.128), porém, muitos deles tiveram dificuldades de conseguir os valores por conta do medo de adquirir dívidas (9.129) e da burocracia (3.877).

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Apesar dos entraves que ainda existem, de uma maneira geral os técnicos do IBGE consideraram que em dez anos houve avanços no setor agropecuário do Paraná que merecem destaque, como por exemplo o aumento no uso das tecnologias, o que vem contribuindo para a fixação do homem no campo.

“Os agricultores estão utilizando maquinários mais modernos, diminuindo o uso de fertilizantes e praticando mais técnicas conservacionistas. Mas o fato deles estarem se mantendo no campo e não vindo para os grandes centros urbanos, muitas vezes sofrer com outros trabalhos mais desgastantes, é o nosso grande termômetro para afirmar que o setor vem melhorando em todos os aspectos no Paraná”, comentou o supervisor estadual de Pesquisas Agropecuárias do IBGE, Jorge Mryczka.

Outros pontos de destaque na produção agropecuária paranaense, segundo Mryczka, foram o aumento na criação de aves em dez anos (em 1996, o efetivo era de 94 milhões de galinhas, por exemplo, no estado; em 2006 o número saltou para 286 milhões) e o acréscimo no cultivo da cana de açúcar (de 70 mil hectares há dez anos, para 96 mil em 2006).

Menos produtores com assistência técnica

O Censo Agropecuário 2006 apontou, ainda, mais alguns pontos positivos do Paraná e de toda a região Sul, e também muitas contradições, como por exemplo a redução no número de agricultores que declararam receber orientação técnica no estado e ao mesmo tempo o destaque na produção de grãos no Paraná (o estado tem 2,3% de área agrícola mas é responsável por 20% da produção nacional de grãos, principalmente feijão, milho, soja e trigo).

Outro destaque ficou com o arroz irrigado, na região Sul, que em 2006 foi responsável por mais da metade da produção nacional. Já em relação aos rebanhos bovinos, o IBGE apontou uma redução nas regiões sul e sudeste.

Ao contrário, o Paraná ficou em terceiro lugar na produção de leite em 2006, atrás apenas de Minas Gerais ,e Rio Grande do Sul. Outro ponto positivo para o Sul foi em relação à energia elétrica: a região apresentou incremento de 10,3 pontos percentuais no uso de energia nos estabelecimentos agropecuários, o que significa  que 84% deles possuem este benefício no estado.

Assim como em todo o país, o IBGE observou o aumento nas áreas agrícolas da região Sul, que registrou incremento de 1,5 milhão de hectares em dez anos, sendo que 979 mil estão concentrados no Paraná.