Agricultura familiar debate alternativas

Discutir o papel do jovem dentro do meio rural e quais as alternativas existentes para a fixação desse jovem no campo. Esses são os objetivos de um seminário que está acontecendo em Rio Branco do Sul, com a participação de jovens agricultores do Vale da Ribeira. A promoção é da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) da região Sul, e faz parte de uma série de atividades que estão sendo desenvolvidas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul voltadas para o jovem agricultor.

Hoje no Brasil existem cerca de quatro milhões de propriedades de agricultores familiares, sendo 321 mil só no Paraná. A estimativa é que na metade dessas propriedades existe um jovem entre 16 a 30 anos. De acordo com a coordenadora de políticas sociais da Fetraf Sul, Maria Salete Escher, 70% desses jovens desejam permanecer no campo. “Mas para isso precisam dispor de alternativas e meios para continuar a atividade”, disse.

Um dos atrativos para que isso aconteça, ressalta Maria Salete, são políticas de crédito para produzir ou difundir agroindústrias e cooperativas no próprio meio. Atualmente o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é a única fonte de recursos para custeio e investimento nas propriedades. Esse ano serão liberados para todo o País R$ 5,4 milhões. Mas de acordo com a coordenadora, existe a expectativa do lançamento de uma linha de crédito específica para a juventude rural, chamado de Primeira Terra.

Esse projeto, que deverá ser divulgado nos próximos dias pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário, foi uma proposta que surgiu em maio desde ano durante um encontro que reuniu mais de dois mil jovens agricultores em Xanxerê (SC). “Nós discutimos a idéia e enviamos para o governo federal, que tinha a intenção de desenvolver algo parecido”, disse Maria Salete. A expectativa é que o Primeira Terra beneficie esse ano 4.500 jovens – que cursaram ou estão no último ano do curso técnico – com a liberação de recursos na ordem de R$ 40 mil. A coordenadora comenta que esses créditos poderão ser empregados em projetos na propriedade ou compra de terras, “pois esse é um grande problema da juventude rural, que quer permanecer no campo, mas não possui área para plantar”.

Caminho é a capacitação

A capacitação, aliada à liberação de recursos, é uma das necessidades para o jovem agricultor. Nesse sentido, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) vem buscando parcerias com instituições de ensino para a alfabetização associada a realidade no campo.

Uma dessas iniciativas é o projeto Terra Solidária, com a oferta do ensino fundamental e capacitação de jovens. A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul abriu turmas, para filhos de agricultores, nas graduações de Desenvolvimento Rural e Pedagogia; e em breve, a Universidade Federal do Paraná estará desenvolvendo cursos técnicos de Agroecologia.

Quem participa desses projetos afirma que a visão sobre a atividade no campo mudou. “A gente amplia nossa forma de enxergar a vida na propriedade, pois antes achava que para estudar tinha que ir para a cidade, onde aprenderia como viver na cidade”, disse Elisabete Lopes Teixeira, que vive na comunidade de Borges, no município de Itaperuçu. A proposta de uma educação voltada para a realidade do campo também fez Airton Bueno Ribas, de Itaperuçu, modificar sua forma de pensar e agir na propriedade. “Hoje a gente abandonou o uso de agrotóxicos e pratica uma agricultura mais saudável”, afirmou.

Técnicas para a diversificação de culturas e a não utilização de produtos químicos na lavoura, foram alguns dos ensinamentos que Valdomiro Bueno Pinto aprendeu no curso de capacitação e hoje aplica na propriedade. Já para Neudo Machado, que mora em Castro, os resultados dos cursos que participou ajudaram no fortalecimento dos sindicatos e cooperativas da classe. “A gente aprende nossos direitos e tem mais conhecimentos para aplicar na nossa realidade”, afirmou. Luciano Escher, de Campo Magro, é um dos universitários que faz o curso de Desenvolvimento Rural, no Rio Grande do Sul. Para ele, além dos conhecimentos que poderá aplicar na propriedade, pretende trabalhar no desenvolvimento sustentável da região onde mora.

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