Foto: Rafael Silva/Diário do Norte

Manifestações apontam o governo federal como responsável pela crise do campo.

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Um dia depois do megaprotesto dos produtores rurais, que bloqueou rodovias, interditou ferrovias, fechou o comércio e prefeituras, agricultores de diversas regiões do Paraná prosseguiram ontem com as manifestações. Segundo a Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep), havia 44 pontos de bloqueio ontem em todo o Estado – dessa vez, sem a coordenação da entidade. A Polícia Rodoviária Estadual confirmou 21 trechos bloqueados pela manhã e 48 à tarde.

?Os agricultores resolveram continuar por conta?, afirmou o assessor da Faep, Carlos Augusto Albuquerque. É o caso dos produtores de Arapongas, que ontem prosseguiram com os protestos na rodovia que liga o município a Londrina. ?Aqui, a manifestação continua. O governo não atendeu os nossos pedidos, só fez promessas e já estamos cheios de promessas?, desabafou o presidente do Sindicato Rural de Arapongas, José Mendonça.

?O governo empurrou a decisão mais uma vez, agora para o dia 25?, reclamou, referindo-se ao resultado da reunião entre governadores realizada na última terça-feira, em Brasília. Na ocasião, Lula prometeu que, no próximo dia 25, juntamente com o Plano Safra, o governo dará sua posição a respeito dos diversos itens apresentados pelos governadores – entre eles o alongamento de dívidas em 25 anos, desoneração de impostos sobre insumos agrícolas, garantia de preços mínimos, entre outros.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural, os produtores de Arapongas podem ficar mobilizados até o próximo dia 25. Ontem, cerca de 300 pessoas participaram do bloqueio na rodovia, com aproximadamente 100 máquinas agrícolas. Os veículos eram liberados a cada vinte minutos. Ao todo, a PRE confirmou 48 bloqueios nas rodovias ontem à tarde: quatro na região de Curitiba, sete na de Londrina, seis na de Cascavel, 29 na de Maringá, um na região de Ponta Grossa e outro em Pato Branco.

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Para o assessor Carlos Albuquerque, da Faep, a expectativa é que o governo federal conceda pelo menos o alongamento das dívidas. ?Ficaram de estudar algo nesse sentido, e hoje (ontem) mesmo já houve reunião entre a CNA (Confederação Nacional da Agropecuária) e representantes do governo federal?, comentou.

Sem paliativos

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O vice-governador Orlando Pessuti, que participou da reunião em Brasília ao lado de oito governadores e outros três representantes de Estado, avaliou como positivo o debate sobre a situação do agronegócio no País, com a presença de representantes de governos estaduais, lideranças do coooperativismo, de sindicatos rurais e de respeitados nomes da área.

Sobre o encontro com Lula, o vice-governador afirmou que, conforme palavras do presidente da República, dessa vez ele vai ?tomar como prioridade resolver os problemas da pecuária e da agricultura?. Segundo Pessuti, Lula reconheceu que as medidas anunciadas para o setor em abril foram apenas paliativas. E embora a posição do governo federal seja de não mexer no câmbio, Pessuti afirmou que assim mesmo existem outras medidas que podem ajudar a melhorar a renda do produtor rural, como a desoneração de impostos dos insumos agrícolas. Lula também se comprometeu em buscar soluções para renegociar as dívidas dos agricultores.