Agricultores em alerta com a ferrugem asiática

Uma velha conhecida dos produtores de soja está voltando a carga este ano. É a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que ataca as folhas, diminui a quantidade de vagens e o peso dos grãos.

Se a enfermidade não for tratada adequadamente, pode gerar um prejuízo de até 100% na lavoura. A doença, favorecida pelo clima com altas temperaturas e excesso de umidade, apareceu mais cedo do que se esperava e está deixando agricultores e pesquisadores preocupados.

Até o momento, o oeste do Estado, por realizar o plantio mais cedo, é a região com maior incidência da doença.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Rafael Moreira Soares revela que a doença tem se desenvolvido com uma certa rapidez.

“O clima, apesar de ser favorável para o desenvolvimento da soja, também contribui para que a ferrugem asiática ataque com força total. Na safra anterior, onde a gente enfrentou uma severa estiagem, a doença pouco afetou a plantação, de modo que as perdas foram mínimas. Entretanto, quem baixar a guarda para a moléstia nesta safra pode ter uma surpresa desagradável”, comenta.

Para evitar que hajam perdas consideráveis, o pesquisador informa que é preciso fazer um constante monitoramento da soja.

“Quanto mais cedo detectar os focos da doença, mais fácil será fazer o tratamento para erradicá-la. Assim que confirmar a presença da ferrugem asiática, o produtor deve fazer a aplicação do fungicida ou, no caso de uma lavoura orgânica, de um produto natural que combate a praga. Isso vai proteger a sua lavoura”, informa.

Soares diz também que o produtor precisa respeitar o vazio sanitário como medida para evitar a enfermidade. “No período de junho a setembro, é proibido que haja soja no campo. Se não respeitar essa medida, o ciclo de vida do fungo irá se prolongar e isso será prejudicial para a lavoura”, avalia.

Embrapa Soja
Perigosa doença que atinge a soja, se não cuidada de maneira correta, pode inviabilizar toda uma lavoura.

O município de Cascavel, oeste do Paraná, é um dos mais atingidos pela ferrugem. O fungo causador da doença já foi encontrado em sete propriedades desde novembro do ano passado. “São quase duas vezes mais do que o encontrado na safra de 2008/2009. Por isso, a gente ressalta a necessidade de observar bem a plantação”, opina.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) do núcleo de Ponta Grossa e responsável interino pela área de sanidade de grandes lavouras, Gil Cordeiro, a situação inspira cuidados, pois ele acredita que ela tende a piorar.

“Ainda não é possível mensurar perdas pelo ataque da ferrugem asiática. Porém, a tendência é que aumente o número de casos”, alerta. Cordeiro fala que existe uma dificuldade hoje em fazer o monitoramento. “Estamos com técnicos que estão em férias nesse momento. Isso faz com que o trabalho de prevenção fique mais difícil.

Entretanto, estamos atendendo a todos na medida do possível e dando toda a assistência técnica a quem nos procura”, garante. O engenheiro agrônomo se preocupa ainda com o excesso de chuva.

“Nessa situação, não há o que se fazer, pois não tem como aplicar o fungicida. Por isso, a importância em se fazer um monitoramento minucioso para, assim que detectar a enfermidade na lavoura, combatê-la de imediato”, diz.

Números

De acordo com o boletim divulgado recentemente pelo Consórcio Antiferrugem, sistema de gerenciamento coordenado pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Paraná já apresenta 17,26% da incidência nacional da ferrugem asiática.

O pesquisador Embrapa Rafael Moreira Soares informa que em comparação ao mesmo período do ano passado, o número de incidências da ferrugem &e,acute; 4,5 vezes maior.

“O oeste continua sendo a principal região atingida pela doença. Na região norte do Estado a ocorrência da doença, embora ainda em severidade baixa ou moderada, está generalizada. Na região sul e sudeste, onde a semeadura ocorre mais tarde por ser a região mais fria do Estado, começam a ocorrer os primeiros focos”, contou. “Estamos recomendando que a aplicação dos fungicidas nas lavouras ocorram a partir da floração”. O Paraná é o terceiro estado mais atingido pela doença, com 148 casos. Goiás lidera o ranking, com 357 casos, seguidos do Mato Grosso do Sul, com 206.

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