Foto: Ailton Santos/Jornal Hoje

Máquinas e produtores voltam às estradas para reivindicar melhorias para o setor agrícola.

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Tratores e outras máquinas agrícolas, que protagonizaram os protestos do setor no Paraná no mês passado, voltaram às rodovias. Em Cascavel, oeste do Paraná, cerca de cem tratores estavam enfileirados ontem na BR-277, no Trevo das Cataratas. Segundo o presidente do sindicato rural de Cascavel, Nelson Menegatti, a idéia é deixá-los estacionados à beira da rodovia até a próxima terça-feira, dia 13, quando o governo federal prometeu divulgar um novo pacote agrícola, desta vez tendo representantes do setor na elaboração.

?O objetivo é mostrar ao governo federal o descontentamento da agricultura com o pacote anunciado?, explicou Menegatti. Segundo ele, os maquinários não estão impedindo a passagem dos veículos, nem atrapalhando a visão dos motoristas. Os agricultores estão fazendo panfletagem, chamando a atenção para os problemas enfrentados pelo setor agrícola. ?Se ficarmos quietos, vão achar que estamos contentes com a situação?, comentou.

Os pontos de manifestação são estratégicos para o norte e noroeste do Estado. Estão situados na BR-277, no Trevo Cataratas, entrada de Cascavel; no acesso Sede Alvorada, e nas saídas para Foz do Iguaçu, Santa Tereza do Oeste e Espigão Azul. Segundo Menegatti, outros municípios da região também devem aderir ao movimento.

O único objetivo dos produtores rurais, afirmou o presidente do sindicato rural, é sensibilizar o governo para que dê principalmente mais prazo para o pagamento das dívidas. ?Não adianta ter um bonito valor para investimentos se não é possível quitar as dívidas?, acentuou. Nos tratores foram colocadas faixas que mostram a insatisfação dos agricultores.

Novo pacote

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De acordo com Menegatti, é grande a expectativa sobre o novo pacote agrícola prometido pelo governo federal. ?Se não vier como esperamos, o movimento vai ser ainda mais forte do que o do mês passado?, alertou. Conforme documento elaborado por representantes de sindicatos rurais de todo o Paraná no final de maio, durante reunião na Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), os agricultores estão dispostos a fechar os principais portos do País – de Paranaguá, Santos, Rio Grande -, impedir a saída de produtos das cooperativas e reduzir a produção agrícola em 30%. A mobilização, porém, terá que ser nacional.

Crise

Há quase um mês, no dia 16 de maio, o Paraná praticamente parou durante o megaprotesto dos produtores rurais denominado ?Grito do Ipiranga?. Em todo o Estado, aproximadamente 100 mil agricultores participaram da mobilização, que bloqueou rodovias, interditou ferrovias, fechou o comércio e prefeituras.

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Em várias regiões do Estado, os protestos prosseguiram, mesmo depois do anúncio das medidas para o setor agrícola pelo governo federal, no dia 25 de maio. Insatisfeitos com as medidas, lideranças do setor seguiram até Brasília, onde obtiveram a promessa de que algumas questões seriam revistas e melhoradas. Os produtores rurais pedem, sobretudo, um alongamento maior para o pagamento das dívidas e redução tributária para alguns insumos. Também reclamam da desvalorização do dólar, que tem afetado o preço das principais commoditties e refletido na renda dos agricultores.