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Ponte foi fechada, ontem, na continuidade dos protestos. continua após a publicidade |
A ponte Ayrton Senna, em Guaíra, voltou a ser fechada na tarde de ontem por agricultores que protestam por uma melhor política agrícola no País. Os agricultores estão aguardando a divulgação, hoje, pelo governo federal, do Plano Safra para 2006, um pacote de medidas para socorrer o setor que reclama de prejuízos nas últimas três safras.
Os produtores não esperam por medidas de impacto e que possam solucionar a situação de crise por que passa o setor. Por isso, estão preparando protestos em todos os estados. Ontem, além de Guaíra, um piquete em Palotina também bloqueou a PR 182 e as manifestações prometem se intensificar hoje, trancando várias rodovias do Estado.
O prefeito de Guaíra Fabian Persi Venduscolo decretou ponto facultativo hoje no Paço Municipal. A medida é de apoio ao manifesto dos agricultores. Segundo o prefeito, a classe é muito importante para o desenvolvimento do município. ?Quando a agricultura vai bem, o comércio de Guaíra também reage bem. Tenho certeza que esse manifesto não busca apenas a melhoria para os agricultores, mas também para o município?.
Permanecem em expediente normal os serviços relacionados às secretarias de Educação, Saúde, Infra-estrutura, Agricultura, Ação Social e Coordenadoria da Guarda Municipal, bem como os expedientes em escolas, creches, museu, Junta Militar, cinema, Centro Náutico e demais pontos de atendimento externos ao Paço Municipal.
Ponto Facultativo
A Associação dos Municípios do Paraná propôs, ontem, que todas os 399 prefeitos do Estado decretem ponto facultativo no dia de hoje, em apoio ao protesto dos agricultores, que é uma continuidade do movimento deflagrado por produtores rurais de todo o País no último dia 16.
O presidente da AMP e prefeito de Nova Olímpia, Luis Sorvos, diz que a adesão ao protesto é o reconhecimento da grave crise do setor agrícola. ?A agricultura é a base da economia dos municípios?. Por este motivo, e também porque reconhecemos a justiça da causa, somos solidários ao movimento?, diz.
Plano Safra
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, garantiu a parlamentares da bancada ruralista que o plano de safra para 2006/07 (que será anunciado hoje pelo presidente Lula) ?será melhor que o anterior?. A informação é do deputado Odacir Zonta (PP-SC). Zonta e outros parlamentares estiveram reunidos ontem, em Brasília, com Rodrigues. ?O ministro disse que os produtores terão mais dinheiro e menos juros, mas não falou em números?, disse.
Na atual safra, o governo tornou disponível R$ 44,35 bilhões para os agricultores. Desse total, R$ 19,5 bilhões foram oferecidos a juro do crédito rural (8,75% ao ano).
No encontro, os parlamentares pediram a suspensão por 180 dias de todas as execuções judiciais das dívidas dos agricultores, a prorrogação por cinco anos de todos os débitos de custeio das culturas atingidas por problemas climáticos ou por depreciação de preços.
Os parlamentares também querem uma linha de crédito de R$ 3 bilhões para capital de giro das cooperativas. ?As cooperativas emprestaram aos produtores que tiveram suas dívidas renegociadas e, agora, elas estão sem capital de giro?, disse.
Crise agrícola vai atingir a balança comercial
Rio (ABr) – A crise do setor agrícola deve atingir a balança comercial em 2006. Nos últimos anos a balança vem obtendo bons resultados, por causa do desempenho dos produtos agrícolas na pauta de exportações, em especial a soja. A avaliação é do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin.
Ele afirmou que se o câmbio continuar desfavorável, com as baixas cotações do dólar, também em 2007 o desempenho da balança comercial do agronegócio pode ser prejudicado.
?A Agricultura tem a característica de plantar uma vez por ano e colher uma vez por ano, no ano seguinte. Por isso, o ministério tem trabalhado em medidas para apoiar agora, porque o plantio se dá no segundo semestre e o cenário econômico e financeiro do agricultor precisa melhorar para que ele continue plantando a serviço do Brasil?, disse.
Segundo o secretário há também expectativa de perda e estrangulamento financeiro dos produtores, o que vai se refletir em redução da área plantada. ?Estamos trabalhando para atenuar essa queda que poderá acontecer na área plantada para a colheita do ano que vem?, acrescentou.
Wedekin afirmou que a crise pela qual passa o produtor brasileiro vem de fora e não decorre de ineficiência do agricultor na sua atividade de plantar ou criar. ?Vem, principalmente, da macroeconomia, especialmente, do câmbio e de deficiências de estrutura. Isso vem reduzindo, aproximadamente, em 40% a renda do agricultor nos últimos dois anos em um período que eles tinham investido muito?, esclareceu.