Conhecido por seu temperamento forte, o empresário Roger Agnelli foi durante 10 anos a própria cara da mineradora Vale. Entre 2001, quando assumiu o cargo, e 2011, quando deixou a companhia, o grupo elevou seu lucro de R$ 3 bilhões para R$ 37 bilhões. A saída de Agnelli da companhia foi conturbada, em meio a especulações de que sua cabeça foi uma exigência do governo da presidente Dilma Rousseff.
Após sua saída da Vale, Agnelli foi para os EUA e, ao voltar, começou a colocar em prática seus projetos de mineração – em parceria com o BTG – e os de bioenergia, mas seu nome ainda é associado à maior mineradora do mundo. No início deste mês, a mineradora Samarco, que tem como acionistas a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, com 50% de participação cada, teve o seu nome envolvido em uma das maiores tragédias ambientais do País, após o rompimento de barragens, o que provocou um desastre no município de Mariana (MG). Pelo menos 11 pessoas morreram e ainda há 12 desaparecidos.
Na segunda-feira, o Ministério Público (MP) de Minas Gerais informou ter fechado um acordo com a Samarco para pagamento de caução socioambiental de R$ 1 bilhão por conta da tragédia. Mas, segundo especialistas, os prejuízos podem chegar a R$ 15 bilhões.
Ao jornal O Estado de S.Paulo, Agnelli disse que não se sente muito confortável em falar da empresa, da qual ainda é acionista (ele não revelou sua participação na companhia).
Questionado sobre como tem acompanhado os problemas atuais enfrentados pela Vale, o executivo diz que “não acho correto falar da Vale. Mas eu torço por ela. Sou acionista (da empresa) e continuo torcendo. Eu tinha uma paixão muito grande pela Vale, respeito demais a empresa, os profissionais que estiveram comigo e que estão lá. É um momento difícil que (ela) está passando, ainda culminando com esse acidente, que é difícil de explicar e que não era para acontecer de forma nenhuma, mas aconteceu. Alguma coisa aconteceu: negligência não é, incompetência não é. Nada disso. A Vale e a Samarco são empresas absolutamente preocupadas com essas questões ambientais e, principalmente, com barragens. Alguma coisa muito fora do imaginável aconteceu.
Agnelli contou também que boa parte de seu patrimônio estava na Vale, quando questionado sobre sua participação na companhia. “Reduziu bastante o valor (referindo-se à queda das ações da companhia na Bolsa, mas sem citar exatamente qual sua fatia na mineradora)”.
Questinado sobre ter dito que, para investir no setor de mineração, tem de se pensar em projetos de longo prazo, destaco “haja longo prazo… Mas a gente tem de viver do curto prazo… Do meu patrimônio, foi bastante relevante (referindo-se à desvalorização das ações da empresa)”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.