Agiremos de forma defensiva para nos proteger, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff disse hoje que o governo está alerta para fazer o que for necessário para proteger o País dos efeitos da crise, mas descartou a adoção de medidas de manipulação cambial, diminuição de salários e precarização do mercado de trabalho como forma de defesa do Brasil. De acordo com a presidente, uma das consequências da crise deve ser o acirramento de medidas protecionistas no mercado internacional. O Brasil, porém, segundo Dilma, não vai adotar ações de “proteção pela proteção”, mas medidas que elevem a competitividade do produto nacional. Na avaliação dela, o novo regime automotivo se encaixa nesse critério.

“Estamos bem atentos, adotando as medidas necessárias para nos proteger, seja de consequências financeiras, seja de um tipo de competição bastante desleal. Com coragem e ousadia vamos atuar de forma defensiva”, afirmou a presidente, em discurso durante o Exame Fórum 2011, com o tema A Construção de Um Brasil Competitivo na capital paulista. “Por isso, estamos adotando políticas que garantam a competitividade dos nossos produtos contra políticas cambiais irreais e medidas protecionistas muito escancaradas.”

Em seu discurso, a presidente disse que as medidas adotadas pelo governo têm a intenção de elevar a competitividade do produto nacional e transformá-lo em um instrumento de desenvolvimento. “E não voltar às velhas práticas de proteção pela proteção. Nós queremos competir, e nós queremos garantir que a nossa competitividade real não seja manchada por mecanismos informais de redução da nossa competitividade, sejam cambiais, financeiros e de qualquer tipo”, afirmou.

Dilma defendeu a criação da nova política para o setor automotivo como uma das formas de defender a competitividade do País. “Nós não vamos, para defender a nossa competitividade, não vamos nem achatar salários, nem precarizar o mercado de trabalho, ou manipular a taxa de câmbio”, afirmou. “Mas nós vamos utilizar instrumentos adequados, como, vamos dar peso à geração e agregação de valor dentro do Brasil e à inovação. Daí o sentido da nossa política, por exemplo, de IPI dos automóveis.”

Segundo a presidente, o governo vai zelar pela estabilidade econômica. “Nós somos fortes, quero reiterar isso, para enfrentar os efeitos da crise, mas não vamos temer o vale tudo do processo de competição internacional, nascido do fato de que os mercados financeiros estão completamente fora de controle em vários países”, afirmou. “Sabemos que não somos uma ilha e que temos todos os elementos para dessa vez ter um País não inatingível, mas um País em que nós todos construímos as muralhas necessárias para que os efeitos da crise nos atinjam menos.”

Dilma disse que o governo não vai se omitir durante a crise. “Não podemos fechar os olhos e achar que, porque não temos uma crise aqui, ela não existe lá fora. Temos de estar atentos para tomar as medidas em tempo hábil”, afirmou. “Não vejo espaço para omissão nessas circunstâncias, e felizmente pelo que eu posso perceber, até agora são muito equalizadas e muito minoritárias as vozes que se levantam quando a gente toma medidas de defesa da economia, estabilidade, emprego e setor produtivo”, disse. “Tenho certeza de que vou poder contar com o engajamento dos empresários, trabalhadores na defesa do emprego, mercado interno e capacidade de competição no mercado internacional.”

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