As agências de viagens reagiram com irritação nesta quarta-feira, 11, à decisão do Ministério do Planejamento de realizar, a partir deste ano, todas as compras de passagens aéreas da máquina federal diretamente com as companhias do setor, TAM, Gol, Avianca e Azul. Segundo Marcelo Oliveira, assessor jurídico da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), o governo está tentando mostrar que “o setor é ineficaz”.
“É muito fácil para o governo levantar a bandeira da economia de gastos, ao dizer que é mais barato comprar passagens diretamente com as companhias aéreas, sem passar pelas agências de viagens. Mas terá o governo capacidade de gerir toda a demanda que ele gera por passagens? Já ouvimos das próprias companhias aéreas que elas não têm condições de atender em massa essas viagens corporativas, com pedidos de alteração, remarcação e reembolso de bilhetes”, disse Oliveira, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
O Ministério do Planejamento e a Abav estão em uma delicada disputa jurídica. No ano passado, a Abav conseguiu, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), uma medida cautelar suspendendo os planos do Planejamento de realizar um pregão para contratar uma única agência de viagens para intermediar voos domésticos e internacionais ao governo federal quando a compra direta dos bilhetes não for possível. Na semana passada, no entanto, a Advocacia Geral da União (AGU) conseguiu derrubar o pedido. Com isso, o pregão pode acontecer e está previsto para a semana que vem.
Ontem, o Ministério do Planejamento revelou que espera poupar R$ 132 milhões em gastos públicos ao longo de 2015 com a decisão de comprar diretamente com as companhias aéreas as passagens demandadas por toda a administração federal. Em entrevista concedida ontem ao Broadcast, o secretário de Logística e Tecnologia de Informação do Ministério do Planejamento, Cristiano Heckert, afirmou: “O que estamos fazendo é o que o cidadão comum já faz há muitos anos. Hoje qualquer um de nós compra a passagem diretamente com as companhias, sem intermediários, porque é mais barato. Nós estamos agora adotando a mesma sistemática no âmbito do governo federal”.