Agências e operadoras de turismo de todo o país estão trabalhando em ritmo intenso para comercializar pacotes de viagens nesta que é considerada uma das melhores épocas para o setor. No Paraná, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-PR) estima crescimento de 15% na venda de pacotes neste final de ano em relação ao mesmo período de 2005 – incremento semelhante ao da aviação civil.
Segundo Antônio Azevedo, presidente da Abav-PR, a expectativa de crescimento se deve basicamente às tarifas aéreas, que em termos relativos tiveram uma queda; ao aumento da renda da população, principalmente das classes intermediárias e, no caso de viagens internacionais e cruzeiros marítimos, a desvalorização do dólar. ?Houve uma migração. Há cerca de dois anos, mais de 70% procuravam pacotes nacionais e 30%, internacionais. Este ano, está se equilibrando, quase meio a meio?, comentou.
Com a crise da Varig, Azevedo reconheceu que as tarifas áreas ainda estão elevadas. ?No primeiro semestre as tarifas estavam bastante baixas, com várias promoções. Com a crise da Varig, a oferta diminuiu e a demanda aumentou; houve um desajuste do mercado. Hoje ainda estão um pouco altas em alguns casos, mas a tendência é a equalização?, acredita. Já a hotelaria, segundo Azevedo, não reajustou os preços. ?Em alguns destinos internacionais, houve ajuste para baixo?, comentou.
Sobre o tumulto ocorrido nos principais aeroportos do país no último feriado – quando os controladores de vôo decidiram realizar operação-padrão, e centenas de vôos foram atrasados ou cancelados -, Azevedo acredita que as vendas de pacotes de viagens não serão afetadas. ?Assustou um pouco, mas estamos torcendo e acreditando que a situação tende a se normalizar. Talvez neste próximo feriado (15 de novembro) ainda haja algum problema, mas não nos parece que toda aquela situação anterior vá se repetir.?
Período eleitoral
Para Tricia Sander, diretora da Orion Turismo, o período eleitoral fez com que muita gente deixasse para comprar pacotes de viagens mais tarde. ?A procura deve aumentar a partir de agora. Muitos estavam aguardando os resultados das eleições, principalmente quem optou pelas rotas internacionais?, apontou. Segundo ela, a estimativa é que a venda de pacotes neste final de ano cresça em torno de 20% em relação ao ano passado, apesar do contratempo ocorrido nos principais aeroportos do país no último feriado. ?Não houve nenhum efeito direto na agência, mas o que ocorreu deve influenciar na decisão dos passageiros. Enquanto não ficar tudo bem definido, muitos vão pensar bem antes de viajar?, acredita.
Com relação aos preços dos pacotes, Trícia afirmou que muitos destinos não tiveram reajuste nas tarifas. É o caso do pacote para o Peru, de sete dias durante o réveillon, que custa a partir de US$ 1.375,00 por pessoa, em apartamento duplo. O vôo parte de São Paulo, pela LAN, e inclui transporte aéreo e terrestre. ?É um preço bem interessante, ainda mais por ser réveillon, quando o preço do pacote aumenta 20% a 30%.? Na Orion, quase 60% dos pacotes comercializados são internacionais e 40% para o mercado interno. Os carros-chefes da agência são Peru e África do Sul.
Menos otimista, o consultor da Trípoli Turismo Adriano Eugênio Sousa contou que, desde abril, as vendas de pacotes estão menores do que as do ano passado. ?Está sendo um ano bem atípico?, observou, acrescentando que pode estar relacionado ao perfil de cliente com que a empresa trabalha: turista, apenas, e não cliente corporativo.
Segundo Sousa, problemas como a quebra da Varig – que reduziu o número de poltronas disponíveis, principalmente para o exterior, e elevou o preço das tarifas – foram bastante prejudiciais ao setor. ?O problema maior está no aéreo. As tarifas estão altas, isso quando se consegue achar um lugar?, comentou.
Na Trípoli, um pacote de três dias em Foz do Iguaçu, em quarto duplo, custa a partir de R$ 750,00, nos meses de dezembro e janeiro. Para o Rio de Janeiro, o pacote custa a partir de R$ 840,00, enquanto para Buenos Aires, a partir de US$ 400,00. Todos os valores excluem período de Natal e réveillon. ?Hoje, há muita gente preferindo ter um réveillon simples, em casa, e viajar depois por um preço menor?, afirmou.