Já prevendo um cenário “pós-crise”, agências de publicidade devem intensificar campanhas e programas de prospecção de clientes em 2009. A idéia da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) é destacar a importância de se trabalhar a imagem das empresas diante de um cenário econômico turbulento. O objetivo das agências é tentar minimizar a tendência de corte nos custos destinados à comunicação nas empresas. Esse retrospecto foi debatido por representantes de Sindicatos das Agências de Propaganda (Sinapros) dos Estados e pela Fenapro, durante encontro realizado na semana passada, em São Paulo.
No evento, os publicitários sugeriram ações para incentivar os mercados regionais a manter o investimento em publicidade e realizar atividades que contribuam para o desenvolvimento das agências.
Para o presidente do Sinapro no Paraná, Kal Gelbecke, a classe deve focar ações na postura dos clientes. Segundo ele, sempre que há um cenário desfavorável, a primeira coisa que se pensa quando se fala em cortes é em verbas de publicidade. “Isso é um grande dilema, o que deveria ser motivo de maior investimento passa a ser prioritariamente, equivocadamente, descartado”, afirma.
Segundo Gelbecke, é justamente no momento de crise que se deve investir no fortalecimento da marca e no aumento das vendas. “A comunicação é uma das ferramentas fundamentais para isso”, atesta. Para Gelbecke, o custo para recuperar um espaço de mercado pode ser maior do que o gasto contido durante uma crise.
De acordo com a Fenapro, o setor de varejo e as indústrias de bens de consumo fazem parte da relação de empresas que deverão manter o foco nas ações de comunicação. Para os sindicatos, o comportamento dos anunciantes está variando bastante de acordo com o setor e regiões do País. “Em algumas localidades, por exemplo, as empresas ligadas ao setor automobilístico ampliaram as ações de publicidade, enquanto em outras, diminuíram, mas essas empresas já estão percebendo que não podem ficar fora da mídia e começam a retomar suas campanhas”, afirma Ricardo Nabhan, presidente da Fenapro.
A campanha que incentiva os anunciantes a procurarem as agências para realizar suas campanhas será lançada em janeiro pelo Sinapro-PR.
Além do incentivo ao recurso da propaganda, a iniciativa também alerta para os riscos de contratação de agências que não seguem a regulamentação do setor e que, por oferecerem serviços com custos abaixo das tabelas, não têm condições de assegurar uma comunicação eficiente. Segundo o Sinapro, a campanha destaca que uma comunicação de resultados exige estrutura e bons profissionais.
“Vamos fazer uma campanha para várias mídias, ressaltando a valorização das agencias que deve partir dos empresários. Queremos salientar ainda que o valor pago às agências já está muito abaixo do que deveria, o que pode fazer com que a qualidade do trabalho também caia”, afirma Gelbecke.
A idéia da campanha do Sinapro-PR foi bem recebida pelos dirigentes dos sindicatos de outros estados, que estão avaliando a possibilidade de desenvolver ações semelhantes.
Crescimento no Estado perto de 10%
De acordo com a direção do Sinapro-PR, 2008 foi positivo para as agências de propaganda no Estado. Segundo o órgão, a atividade publicitária no Paraná deve fechar o ano com um crescimento de 9% no volume de faturamento. Para o presidente da entidade, Kal Gelbecke, em todo o País a atividade deve terminar 2008 com um crescimento similar ao verificado no Paraná.
Em 2007, o setor movimentou mais de R$ 600 bilhões em todo o País. Para Gelbecke, entre os grandes destaques do ano está o fato de que a conta da Petrobras no Estado foi incumbida a uma agência paranaense.
“Esta foi uma grande conquista, não só da agência que adquiriu a conta, mas de toda a atividade no Esta,do. Trata-se de um reconhecimento da qualidade dos profissionais do Paraná”, afirma. Gelbecke também salienta o crescimento das agências de Curitiba que estenderam seus trabalhos para o interior. “Além disso, houve também um crescimento significativo das agências do interior, que passaram a fazer ações também na capital.”
Já entre os recursos de mídia, o presidente da seção Paraná da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), Rodrigo Florenzano, destaca as ações de promoção desenvolvidas durante o ano.
Florenzano destaca também os recursos direcionados para a mídia resultante do patrocínio. Segundo ele esse segmento também “abocanhou” uma fatia grande dos recursos direcionados à publicidade em 2008. “Nunca teve tanto patrocínio, tanto para eventos culturais quanto para atuantes no esporte, como neste ano. Estas são ações que a cada dia se aproximam mais das grandes empresas”, afirma.
Para a Fenapro, 2008 ficará marcado pela atuação dos Sinapros para o fortalecimento do mercado e da publicidade em todo o País. O órgão destaca iniciativas relevantes, como os contatos com diversos órgãos do governo, além da participação em audiências públicas. (NA)
Internet pode ser o grande mercado em 2009
Para o presidente da secção Paraná da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing (ADVB), Rodrigo Florenzano, a internet deve continuar com toda a força em 2009. “A internet já é uma mídia popular, que não pode mais ser ignorada”, afirma. Para Florenzano, a utilização de recursos multimídia, que vem tendo um crescimento acentuado nos últimos anos, deve ser intensificada no próximo ano. Segundo ele, o “marketing virtual” pode ser otimizado com a ferramenta.
“Se realizada uma ação eficaz, e se o consumidor for impactado pela mensagem, com certeza ele irá acessar o endereço do anunciante na internet, acessando o ponto-de-venda diretamente.”
Quanto à situação do mercado diante da crise, Florenzano prevê que o impacto maior poderá ser refletido no primeiro trimestre. “A mídia de massa deve ter o maior impacto, já que as empresas tendem a ser menos ousadas e buscam a mídia clássica, jornais. A internet deve ter uma função destacada neste momento”, diz.
Contudo, para o presidente do Sinapro-PR, Kal Gelbecke, as grandes surpresas de 2009 podem ser os editais de licitação para a contratação de agências no Paraná. Um exemplo, segundo ele, foi a licitação da prefeitura de Curitiba, cujo edital prevê uma verba maior, porém para um número menor de agências. “Para o próximo ano, a gente aguarda um eventual edital do governo do Estado”, afirma.