Foto: Arquivo/O Estado |
Vacinação do gado brasileiro é indispensável. |
Para evitar que o rebanho nacional seja exposto ao risco de contaminação por febre aftosa, o governo brasileiro suspendeu ontem as importações de animais vivos, seus produtos e subprodutos da Bolívia, que confirmou o registro de um foco da doença no final de semana. A determinação está em comunicado enviado pelo diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes de Souza, às superintendências federais de Agricultura.
A aftosa é uma doença contagiosa que é transmitida por animais ou materiais infectados, veículos e pessoas que tiveram contato com o vírus. Para contê-la, os animais doentes precisam ser abatidos. Não há risco para o ser humano, o prejuízo é econômico.
Gomes de Souza informa que a restrição será mantida até que o serviço oficial boliviano encaminhe ao Brasil informações detalhadas sobre o foco de aftosa diagnosticado no Departamento de Santa Cruz, no leste do país. O vírus detectado na região é do tipo ?O?, o mesmo diagnosticado em outubro de 2005 no Mato Grosso do Sul e, depois, no Paraná. No documento, o diretor determinou que as superintendências informem o ocorrido aos órgãos estaduais que executam as políticas de defesa sanitária animal.
No documento, o diretor também pede que ?ações de vigilância primária, especialmente nos estados com divisa com a Bolívia sejam urgentemente implementadas?. No Mato Grosso do Sul foram montadas quatro barreiras fixas pelo governo federal e outras quatro unidades volantes pela Agência Estadual de Defesa Sanitária (Iagro) na rota de trânsito entre os dois países, segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção e do Turismo (Seprotur).
O MS tem cerca de 1,6 mil quilômetros de fronteira com o Paraguai e a Bolívia, países onde a febre aftosa não está totalmente sob controle. O Ministério da Agricultura não informou se o Brasil importa carne ou animais vivos da Bolívia, mas o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, lembrou que ?o problema é o contrabando?. ?O comércio formal é pequeno. Muita gente ainda quer lucrar com o comércio ilegal?, comentou.
O foco interrompe um período de três anos e meio sem registro da doença na Bolívia.
Bolivianos pedem expropriação de refinarias
Uma manifestação de entidades cívicas da cidade boliviana de Camiri bloqueou ontem a rodovia que liga essa região à Argentina e ao Paraguai para exigir do governo de Evo Morales a ?reestruturação? da empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Os manifestantes pedem ainda a expropriação das refinarias da Petrobras na Bolívia. O protesto que afeta a fronteira teve início à meia-noite de segunda-feira e também bloqueia o trânsito entre Camiri e Santa Cruz, segundo informações da rádio local Erbol, reproduzidas pelos sites dos jornais argentinos.
Os líderes do Comitê Cívico de Camiri declararam uma ?greve geral e indefinida?. Com 294 quilômetros de distância de Santa Cruz, Camiri já foi conhecida como a capital petrolífera do país há algumas décadas. Pela região, passa uma rodovia que vai à Argentina e ao Paraguai, esta que está bloqueada. O movimento reivindica a reestruturação YPFB e a instalação nessa zona de uma gerência de exploração dessa empresa, em cumprimento da Lei de Hidrocarbonetos aprovada em 2005.
Os manifestantes também pedem que os campos de gás e petróleo sejam tomados pelo Estado, para completar uma ?verdadeira nacionalização?, e que as duas refinarias da Petrobras, nacionalizadas no ano passado, sejam expropriadas. O protesto ocorre faltando poucos dias para a entrada em vigor dos novos contratos com as petrolíferas estrangeiras, assinados em virtude da nacionalização decretada por Morales, em 2006.
Demissão
O presidente da estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB), Juan Carlos Ortiz, anunciou, neste fim de semana, sua saída da companhia. A YPFB ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas, em entrevista à imprensa local, Ortiz afirmou que vinha sendo alvo de ataques e decidiu sair para não prejudicar o processo de refundação da empresa, iniciado com a estatização do setor de petróleo e gás do país.