Aeroporto Afonso Pena já está defasado

O Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, é um dos locais em que a demanda por pousos e decolagens está maior que a capacidade máxima de operação.

De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem, o terminal paranaense pode suportar até 14 operações por hora.

No entanto, a demanda para a região, em horário de pico, é por 18 voos por hora. A entidade prevê, ainda, que a defasagem pode até piorar: se o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) crescer num ritmo de 3,5% ao ano, o mercado doméstico de transporte aéreo pode aumentar três vezes nos próximos 20 anos.

Nenhum dos dez aeroportos pesquisados pelo Ipea tem capacidade para dar conta dos pedidos de pousos e decolagens nos horários de pico. Todos eles estão localizados em cidades que provavelmente sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014.

A situação do Aeroporto de Curitiba é parecida com os terminais de Confins (16 voos por hora, com demanda para 19), em Belo Horizonte, e Santos Dumont (15 operações e demanda para 18), no Rio de Janeiro. No aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde a capacidade é idêntica à de Curitiba, a demanda é ainda maior, para 20 operações.

A situação mais crítica é no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, onde a demanda é para 17 voos por hora, mas a capacidade do terminal atende apenas 9 operações.

“Quando a solicitação de pousos e decolagens é maior do que a capacidade máxima de operação dos aeroportos, a solução é deslocar o voo para outros aeroportos ou para outros horários”, disse o coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea, Carlos Campos, ao lançar o estudo Panorama e Perspectivas para o Transporte Aéreo no Brasil e no Mundo.

O estudo, que faz parte da série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro, aponta o Brasil como o país de maior potencial de desenvolvimento na área de transporte aéreo entre os emergentes.

Campos explica que apesar de a América Latina ter pequena expressão neste mercado, a região é a que tem registrado as maiores taxas de crescimento nesse tipo de transporte.

“Os maiores aeroportos já estão operando no limite. Parte disso se deve aos preços mais acessíveis e ao crescimento da economia brasileira. Há também a influência da complexidade industrial, que está promovendo um crescimento recorde do transporte de mercadorias, tanto no âmbito interno como externo”, disse o pesquisador.

Concessão

Consultor do Ipea para a pesquisa, Josef Barat explica que 97% de toda a movimentação de passageiros e cargas passam necessariamente pelos 67 aeroportos administrados pela Infraero.

“Temos de discutir o futuro dessa empresa. Um fator complicador é o de que não há contrato de concessão entre ela e a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]. E por a empresa não se caracterizar como uma concessionária, a Infraero acaba exercendo o papel de reguladora dela mesma”, argumenta.

“Claro que se não forem feitos investimentos adequados o país corre risco de não dar conta e enfrentar um apagão”, avalia Barat. “Os aeroportos deveriam se preparar para receber mais passageiros e aviões mais modernos com uma antecedência de 40 anos”, acrescenta.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna