Brasília – A crise das companhias aéreas está atingindo em cheio o estômago dos passageiros: para reduzir custos, empresas que ficaram conhecidas pela boa qualidade no serviço de bordo, como a TAM e a Varig, estão reduzindo seus cardápios e substituindo refeições por lanches. Quem viaja pela Vasp recebe só um sanduíche, independentemente do horário e da rota. A dieta nos vôos está emagrecendo o setor de “catering” (empresas que fornecem a comida para as companhias aéreas).
De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Comissaria (Abeca), entre 2002 e 2003, cinco empresas fecharam as portas. De 2001 até agora, as companhias aéreas reduziram as refeições à metade e o setor demitiu quatro mil trabalhadores. O faturamento do setor de “catering” caiu cerca de 60%.
Segundo Eugênio Carvalho, vice-presidente da Abeca e um dos sócios das comissarias de Brasília e Goiânia, o corte de custo não pára. A Varig, por exemplo, já comunicou que vai trocar 14 refeições por lanches. A TAM também substituiu o tradicional café da manhã por torrada e bolinho industrializado.
– A qualidade da comida piorou muito – diz a dona de casa argentina Clara Herrera, que mora no Brasil.
Clara afirma que costuma visitar os filhos nos Estados Unidos e sabe que lá quase não servem refeições nos aviões. Em compensação, o preço da passagem é mais barato.
A situação das empresas de “catering” sensibilizou a Infraero. Neste mês, a estatal começou a substituir os contratos destas empresas, que passarão a ter a sua atividade classificada como operação acessória do transporte aéreo e ficarão isentas do pagamento mínimo de aluguéis das áreas aeroportuárias.
Hoje, estão instaladas nos aeroportos brasileiros 36 empresas de “catering”, que empregam dez mil trabalhadores. Dois grupos são estrangeiros: a LSG e a Gate Gourmet. A simplificação ou eliminação do serviço de bordo é uma tendência mundial. Além do custo da refeição, há o peso dos equipamentos (fornos de bordo) e o tempo que a aeronave permanece em solo para abastecimento.