Caminhoneiros revoltados e parados em uma fila de cerca de dez quilômetros na estação aduaneira da Receita Federal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Esta era a situação encontrada no local, ontem. Os veículos começaram a parar na fila já durante a madrugada de quinta-feira e, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ontem havia na pista pelo menos 600 caminhões esperando para passar na aduana.
Os caminhoneiros não sabem ao certo o que motivou o congestionamento, dizem que um conjunto de fatores pode ter sido responsável pelo transtorno, como o Carnaval (a Receita não manteve fiscais na aduana nem no domingo e nem na terça-feira do feriado) e o pessoal reduzido do órgão. A PRF chegou a fazer uma solicitação à polícia paraguaia para que não fossem liberados mais caminhões para o lado brasileiro até que a situação se normalizasse.
O presidente da Cooperativa de Caminhoneiros de Foz do Iguaçu, Clovis Antônio Zílio, contou que estava parado com seu veículo há mais de 15 horas. Ele estava indignado. ?Não temos ninguém por nós. Estamos aqui sem banheiro, sem banho, sem nada. Se não agiliza a liberação na aduana, não tem como trabalhar?, reclamou.
Já de acordo com o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Região Oeste do Paraná (Sindicam), Jeová Pereira, as filas na aduana de Foz do Iguaçu são freqüentes. Ele contou que já mandou ofícios para o Ministério da Fazenda, para o delegado da Receita em Foz, Gilberto Tragancin, e também para o Ministério Público, também em Foz, solicitando providências. ?Mas ninguém resolve nada. A Receita arrecada tanto todos os anos e não toma uma providência, não faz um pátio para os caminhoneiros, que são pessoas que geram renda para o País?, afirmou.
Pereira reclamou também da ?pressão? que as transportadoras fazem sobre o trabalhador para que ele se mantenha na fila, ao invés de ir para o pátio da empresa. Ele orientou os caminhoneiros para que procurem o sindicato para garantir os ganhos das horas (ou dias) que tiveram as atividades paralisadas. Ainda na manhã de ontem a PRF organizou alguns caminhões em fila dupla para que a ponte não fosse toda bloqueada.
O delegado da Receita Federal em Foz, Gilberto Tragancin, confirmou que o grande problema foi o feriado de Carnaval. Ele explicou que, por dia, passam na aduana no sentido Brasil cerca de 300 caminhões. ?Acumulou o número de veículos, que ficou acima do que a nossa estrutura pode absorver?, declarou. A previsão do delegado é que hoje ainda haja filas. Até ontem à tarde, informou ele, já tinham sido liberados cerca de 500 veículos. ?Mas ainda há muitos do lado paraguaio, por isso tudo vai se resolver só amanhã?, disse.
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