A última vez que Jota Ramalho da Gama, de 42 anos, pai de cinco filhos, teve carteira de trabalho assinada faz cinco anos. Ele trabalhava como pedreiro na construção civil. “A obra do Minha Casa Minha Vida terminou e todo mundo foi mandado embora”, conta.
De lá para cá, Gama só consegue alguma renda trabalhando na informalidade. “Procurei emprego, mas como estudei até a quarta série, é pouco, a gente não arruma uma vaga. Achei melhor trabalhar por conta própria”, diz.
Trabalhou como pedreiro, ajudante, motorista de caminhão transportando água em Alagoas, onde nasceu e moram os filhos. Mas sempre sem registro em carteira. Atualmente Gama vende frutas numa esquina do bairro da Barra Funda, zona Oeste da capital. Tira R$ 1,2 mil líquido por mês, mas o seu sonho é voltar a ter carteira assinada, mesmo ganhando menos. “Adoraria trabalhar com carteira assinada, ter mais garantias e seguro desemprego, se fosse demitido”, diz.
Já o ambulante Almir José da Silva, de 31 anos, nunca trabalhou com registrou em carteira e também não faz questão. Vendendo bermudas no verão e meias no inverno como ambulante no bairro da Lapa, zona Oeste de São Paulo, ele chega a tirar líquido entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês. “Se tivesse carteira assinada ia ganhar bem menos.”
Silva não tem registro de ambulante nem contribui como autônomo para se aposentar, mas aceita pagamento em cartão dos clientes, um sinal de alguma formalização. Mas a maquininha de cartão está em nome da sua mulher, que trabalha com carteira assinada. Ele reclama do movimento fraco neste fim de ano e diz que concorrência entre os informais cresceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.