Administrados devem pressionar menos IPC de abril, avalia FGV

Os preços administrados pressionaram de maneira relevante o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no primeiro trimestre de 2015, mas devem aliviar a leitura de abril e contribuir para a desaceleração do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) do quarto mês do ano. A avaliação é do economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. “O IGP-M de abril de 2015 deve ter uma taxa similar à de abril de 2014, quando foi de 0,78%”, projetou. O resultado, se confirmado, representa uma desaceleração ante a leitura de março, de 0,98%.

Segundo Braz, as bandeiras tarifárias e o aumento nas tarifas de ônibus, a alta no preço da gasolina e o aumento dos custos de energia pressionaram de forma significativa o IPC em janeiro, fevereiro e março, respectivamente. “Em abril, não deve haver uma pressão tão grande de preços administrados no IPC e este movimento deve ser fundamental

O economista do Ibre destaca o caso da tarifa de energia elétrica que acumula alta de 29,97% no primeiro trimestre do ano. Ele estima que, diluída ao longo dos próximos nove meses, deve haver uma elevação da mesma magnitude. “A energia elétrica merece o posto de grande vilã da inflação em 2015”, comentou, ao projetar que a alta no preço da energia elétrica pode chegar a 60% em 2015.

No âmbito do IPC de março, o item acelerou de alta de 3,68% para 16,84% na passagem de fevereiro para março, sendo o principal item de influência de alta. “Se excluísse o item energia do grupo Habitação, a alta teria sido de 1,01% (e não de 2,93%), apresentando até desaceleração ante a variação de 1,19% de fevereiro”, ressaltou.

Os itens que mais foram influenciados pelo câmbio em março foram os materiais de limpeza (de 0,73% para 0,81%) e equipamentos eletrônicos, como celulares e notebooks (de -0,24% para 0,52%). “O efeito do câmbio aqui é mais tímido, sinalizando que a valorização do dólar ainda não chegou na ponta da cadeia produtiva”, ponderou Braz.

Ele destacou também as altas de hortaliças e legumes e de laticínios pressionando o grupo Alimentação. “Neste ponto, existe um pouco da pressão do câmbio e outra parte é consequência da entressafra de alguns produtos”, disse. Os itens que mais foram influenciados pela alta do dólar foram os panificados, devido ao trigo e ao óleo de soja.

A desaceleração do grupo de Transportes limitou a alta do IPC na passagem de fevereiro para março e o alívio só não foi maior devido à aceleração dos preços da gasolina. Na margem, a taxa passou de 4,25% para 5,13% e, no ano, o avanço acumulado é de 9,16%. Braz estima que em abril deve haver uma interrupção das altas. “o IPC do mês que vem deve ficar em 0,70%, sendo que em abril de 2014 foi de 0,82%”, estimou.

A taxa acumulada do IPC em 12 meses tem acelerado de forma consistente desde novembro do ano passado, quando estava em 6,69%. Em março, chegou a 8,39%. “Com este movimento, o IGP-M 12 meses deve andar de lado em abril e voltar a acelerar em maio”, afirmou Braz.

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