Com a conclusão das negociações salariais na Volkswagen, na manhã de ontem, os metalúrgicos da empresa encerraram a paralisação de 20 dias e, uniram-se aos trabalhadores da Renault-Nissan e da Volvo nos avanços obtidos: reajuste salarial de 10,08% (ganho real de 5,55%), aumento de 10% no piso salarial, abono de R$ 4,2 mil e valor mínimo de R$ 9 mil para cada funcionário na Participação nos Lucros e Resultados de 2010 (PLR).

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Na soma desses valores, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR), os 10,6 mil metalúrgicos devem injetar na economia do estado, nos próximos 12 meses, R$ 193,4 milhões a mais (sem contar o salário nominal).

“No total, a negociação trouxe para o bolso do trabalhador 55% a mais do que a inflação”, avaliou o economista do Dieese-PR Cid Cordeiro, lembrando que a campanha salarial veio compassada com os bons resultados das montadoras.

De janeiro a agosto, a Renault registrou 52% de incremento na produção e a Volvo aumentou em 126% o número de caminhões e 67% a fabricação de ônibus. A única que se manteve nos mesmos patamares foi a Volkswagen que, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (Simec), já operava no limite da capacidade (três turnos).

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Tamanha exuberância deve fazer com que a produção global de veículos no Paraná supere a marca de 400 mil neste ano (12,46% da produção nacional). Em 2009, esse número ficou em 350,7 mil (11% da produção nacional).

Para o Simec, apesar do êxito nas negociações, os metalúrgicos da Grande Curitiba ainda têm um longo caminho para obter um patamar salarial semelhante ao praticado pelas montadoras do ABC paulista.

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“Na média salarial, os metalúrgicos daqui ainda ganham 40% a menos que os de lá”, comparou o presidente do Simec, Sérgio Butka. Contudo, conforme dados do Sindicato, as negociações deste ano permitiram que o piso de ingresso a ser pago pelas montadoras da Grande Curitiba, a partir da data-base de setembro, seja o maior do país, ou seja, de R$ 1.520,92 (pela Renault e Volvo) e R$ 1.497,00 ( pela Volkswagen que apresenta 15% de salário variável).

“Só que no ABC, o percentual de metalúrgicos que entram na profissão ganhando o piso é muito reduzido”, ponderou o secretário geral do sindicato, Jamil Dávila. Ele também aponta uma defasagem no decorrer da carreira dos metalúrgicos paranaenses. “Hoje o metalúrgico que entra na montadora ganhando o piso, em seis anos, recebe algo em torno de R$ 2.025,00 na Grande Curitiba e, no ABC, atinge um ganho mensal em torno de R$ 3 mil”, informou.

Vale destacar que o custo de vida na região do ABC, embora apresente semelhanças com a Região Metropolitana de Curitiba, em alguns itens é superior, principalmente, nos gastos relacionados a transporte e habitação.

Inflação

Na avaliação do Dieese-PR, o incremento na renda dos metalúrgicos do estado não influenciará na composição dos índices de inflação. Os salários representam 8,5% do custo de produção das montadoras e 4,5% do custo total. “Esses reajustes não provocam inflação, na verdade, eles são uma transferência do aumento da eficiência e da produtividade do setor”, explicou Cordeiro.