O governo e o setor privado fecharam hoje um acordo que passará para a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o papel de auditoria privada no sistema de rastreamento do gado, conhecido como o Sisbov. Para isso, a CNA e o Ministério da Agricultura investirão R$ 12 milhões para desenvolver sistemas de tecnologia, baseado na Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica.
O objetivo, de acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, é o de dar mais celeridade ao processo de acompanhamento bovino. Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), o acordo também proporcionará mais credibilidade da origem da carne ao consumidor brasileiro e internacional.
“O Ministério da Agricultura passa a dividir com a CNA o Sisbov e isso dará mais eficiência ao sistema. A função principal é a de atestar a qualidade da carne que será exportada”, considerou a senadora Katia Abreu, presidente da CNA. Após assinar o acordo, Stephanes comentou que o ponto crucial da parceria é o de levar a agilidade do setor privado ao trabalho que, desenvolvido pelo governo, torna-se mais lento. “O que muda é apenas a questão operacional”, disse.
O ministro ressaltou que o acordo também poderá incrementar as vendas para mercados mais exigentes, como o da União Europeia. “As exportações para o bloco estão crescendo. Houve um incremento da ordem de 50% tanto em volume quanto em valor das vendas do terceiro trimestre do ano em relação ao segundo”, pontuou. “E devemos ver um crescimento forte também do terceiro para o quarto trimestre”, previu. De acordo com ele, o plano operacional do sistema será conhecido possivelmente já na semana que vem.
Com o acordo, a CNA terá acesso ao banco de dados das criações nas propriedades, que dividirá com o governo. “Vamos acompanhar desde o nascimento do animal até o consumo da picanha, do contrafilé”, exemplificou o vice-presidente da CNA e presidente da Famasul, Ademar Silva Júnior. Ele salientou também que um retorno importante desse investimento será quando grandes compradores estrangeiros passarem a optar pelo produto doméstico por conta da evolução do sistema de rastreamento. “Quando a União Europeia vier ao Brasil auditar o trabalho do Ministério e das propriedades privadas, teremos a chancela de um comprador exigente”, disse. Para o consumidor, tanta tecnologia, no entanto, pode se transformar em encarecimento do produto. “Temos que contar com essa hipótese”, admitiu Kátia Abreu.